São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 1995
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Rússia anuncia envio de soldados para a Bósnia

Acordo com EUA prevê participação na guerra nos Bálcãs

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

O presidentes dos EUA, Bill Clinton, e da Rússia, Boris Ieltsin, anunciaram ontem que haviam chegado a um "completo acordo" sobre a participação dos dois países no processo de paz na Bósnia.
Não ficou claro, porém, se a Rússia concordará que suas tropas na Bósnia passem a ser controladas pela Otan, como reivindica os EUA.
"Nós concordamos que as Forças Armadas da Rússia participarão das operações de paz na Bósnia. Mas a maneira como isso será feito não é problema nosso. Cabe aos militares decidir", disse Ieltsin logo após o fim da reunião.
Segundo Clinton, houve "algum progresso" nas tentativas de convencer o presidente russo a permitir que as tropas de seu país também fiquem sob comando da Otan.
Até ontem, Ieltsin insistia que a Rússia só participaria das operações de paz se a ONU continuasse comandando as tropas multinacionais.
"Eu estou satisfeito porque demos o primeiro passo: fazer com que todos se comprometam com a paz na Bósnia. A maneira como isso vai acontecer é o segundo passo e pode ficar para depois", afirmou Clinton.
Até o fim da semana, o secretário de Defesa dos EUA, William Perry, e o ministro da Defesa russo, Pavel Gratchev, deverão se encontrar para decidir como as tropas russas participarão das operações de paz.
O acordo de ontem foi anunciado depois de uma reunião de quatro horas, com a participação de membros do governo dos dois países.
O encontro aconteceu na residência do presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt (1882-1945), em Hyde Park, subúrbio de Nova York.
"Estou saindo bastante otimista. Se há boa vontade dos dois lados, mesmos os pontos polêmicos terminam sendo resolvidos", afirmou Ieltsin.
Os dois líderes também conversaram sobre a necessidade de proibir testes nucleares e de iniciar a segunda fase do processo de desarmamento mundial.

Gargalhadas
Houve momentos de descontração durante a entrevista coletiva concedida pelos dois, com troca de sorrisos e gentilezas entre Clinton e Ieltsin.
Quando Ieltsin fez uma piada com os jornalistas -disse que a imprensa era um "desastre" por ter previsto que o encontro dos dois seria um fracasso-, Clinton gargalhou tanto que chegou a chorar e brincou: "Certifiquem-se de que a frase será atribuída à pessoa certa". (DF)

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