São Paulo, quarta-feira, 25 de outubro de 1995 |
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PMs são acusados de nova agressão
MARCELO GODOY
Orlei, 34, teria levado tapas no rosto e chutes na oficina em que trabalha na avenida Afonso Sampaio e Souza, no Parque do Carmo (zona leste de São Paulo). Os policias também teriam batido no dono da oficina, o comerciante Clodoaldo Antonucci, 26. Essa segunda agressão teria acontecido uma hora depois de os PMs terminarem a suposta sessão de tortura no comerciante Messias, 63, e em sua mulher, a professora Dirce Maria Anacleto, 52. Os dois afirmaram que foram agredidos há uma semana. Messias e sua mulher disseram que foram torturados porque os PMs suspeitavam que ele havia matado um policial. "Como eu não confessei, pensaram que o meu filho pudesse ser o autor do crime", afirmou Messias. Segundo Messias, os PMs o colocaram em um Gol para que ele os levasse à oficina em que seu filho trabalhava. Os policiais não acharam Orlei e teriam espancado Antonucci para ele revelar aonde estava seu funcionário. Quando Orlei chegou à oficina, também teria apanhado "até eles se convencerem que ele não havia matado o PM", disse Messias. No mesmo dia, Antonucci foi ao 53º DP e registrou um boletim de ocorrência acusando os policiais de abuso de autoridade. O comerciante Messias e sua mulher fizeram uma lista de objetos quebrados em sua casa pelos PMs. Entre eles estão quatro portas, vasos, uma mesa e um aparelho de som. Eles também disseram que os PMs roubaram uma pistola de Messias e uma blusa de Dirce. O coronel Edilberto Ferrarini, diretor de comunicação da PM, disse ontem que desde o dia 19 a Corregedoria da PM está apurando o caso. Segundo ele, um dia depois o comando de policiamento da zona leste de São Paulo começou a apurar a denúncia de tortura. O secretário-adjunto da Secretaria da Segurança Pública, Luiz Antônio Alves de Souza, 44, afirmou que a PM também fará um processo disciplinar que, provando a denúncia, poderá provocar a expulsão dos policiais acusados. Ele disse que a Polícia Civil apurará o abuso de autoridade, pois esse crime não é previsto no Código Penal Militar. "É preciso ficar claro para os públicos interno e externo que este governo não admitirá esse tipo de conduta." Texto Anterior: 630 Presos se rebelam após a morte de detento Próximo Texto: Policiais alegam legítima defesa Índice |
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