São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 1995
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"Todo mundo agora é diva", diz Joi Cardwell

Cantora do hit 'Trouble' explica seu sucesso

EVA JOORY
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de anos fazendo "backing vocals" para outras cantoras e de cantar quase anonimamente em outros grupos (recentemente, no de Towa Tei, ex-Deee-Lite), Joi Cardwell, 28, começa a se preocupar com sua carreira.
Emplacou um hit, "Trouble", e agora lança seu primeiro disco solo, "The World is Full of Trouble", que tem lançamento previsto para janeiro no Brasil.
Cardwell surgiu nos anos 80 ao trabalhar com Lil'Louis, o DJ que criou um dos hinos da cultura club, o hit "Club Lonely".
É ela quem canta na música sem antes pronunciar o clássico refrão que traz um dos fundamentos da cultura club, "Oi, meu nome está na lista do DJ...". Leia a seguir a entrevista exclusiva da cantora à Folha, por telefone de Nova Jérsei, nos EUA.

Folha - Como você explica o aparecimento de tantas cantoras na dance music?
Joi Cardwell - As pessoas estão cansadas de dançar músicas das quais não se lembram na semana seguinte. A música instrumental passa rápido demais. As pessoas precisam ouvir algo com o qual possam se relacionar. Ninguém quer mais dançar músicas que têm quase 20 anos.
Folha - Você produziu o seu disco e compôs todas as músicas. Não gostaria que um DJ a produzisse?
Cardwell - Hoje parece ser necessário ter um DJ como produtor, quando antigamente bastava ter um sucesso dançante. Agora todo DJ se considera produtor e artista. É uma espécie de jogo de poder; como são eles que tocam seus discos, você parece não ter escolha. É uma jogada de marketing.
Folha - Seu disco não é só dance, tem diferentes estilos. Você é romântica?
Cardwell - Sou. Meu disco é como meu estado de espírito -varia muito. Meu disco é social no conteúdo, mas não pessimista.
Folha - Como explica o sucesso de "Trouble"?
Cardwell - Talvez porque tenha emoção e não fale de sexo, uma obsessão na música americana. Falta emoção nas músicas aqui nos EUA e principalmente na Europa.
Folha - Você acha que a dance music européia é mais fria?
Cardwell - Sim. Isso tem a ver com a cultura de drogas, o ecstasy, as raves e com a idade dos garotos que frequentam os clubes.
Folha - O que acha do termo diva? Você se considera uma?
Cardwell - Todo mundo agora é diva. Para mim diva é alguém como Billie Holiday, ou Donna Summer, pessoas que provaram seu talento infinitamente. É preciso sobreviver ao teste do tempo. Eu sou jovem para ser uma delas.

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