São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 1995
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Premiê italiano se mantém no poder

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O primeiro-ministro italiano, Lamberto Dini, conseguiu derrotar no Parlamento o pedido da oposição para que ele deixasse o cargo.
O voto de desconfiança foi rejeitado por 310 votos a 291. Até a véspera da votação, a oposição era favorita, com estreita margem. Eram necessários 301 votos para derrubar o governo.
A salvação de Dini, um centro-esquerdista que comanda um governo formado por técnicos, veio por meio da Refundação Comunista, partido de extrema esquerda.
Os neocomunistas haviam se aliado à direita, comandada pelo empresário e ex-premiê Silvio Berlusconi, que pediu o voto de desconfiança. Na última hora, porém, os 24 deputados do partido decidiram se abster de votar.
O líder da Refundação Comunista, Fausto Bertinotti, tomou a decisão de acompanhar Dini pela manhã, após conversar por telefone com o premiê.
A negociação incluiu a promessa, de Dini, de renunciar assim que o Parlamento aprovar o Orçamento para 1996 e uma lei que garante igualdade para todos os políticos no acesso aos meios de comunicação.
A renúncia deve acontecer, portanto, ainda este ano. Dini fora escolhido, após a queda de Berlusconi, para um governo provisório, com apoio do Partido da Esquerda (PDS, ex-comunista).
Caso fosse derrubado, Dini deveria convocar eleições gerais até o fim do ano. Era a chance que Berlusconi, o maior empresário de comunicações da Itália, buscava para voltar ao poder.
Antes da votação, Dini subiu à tribuna do Parlamento para dizer que a moção de desconfiança seria "inútil e nociva".
Após o resultado, Berlusconi tentou mostrar que saía vitorioso: "A moção serve para mostrar que o país deve voltar a ser verdadeiramente democrático. Não foi uma derrota do Pólo da Liberdade (a aliança direitista liderada por Berlusconi), e quem disser isso estará se desviando da verdade".
"Só há um derrotado: Berlusconi", contestou o secretário-geral do PDS, Massimo D'Alema.
A crise na Itália começou na semana passada, quando o ministro da Justiça, Fillipo Mancuso, foi demitido sob a acusação de perseguir juízes da Operação Mãos Limpas (anticorrupção).
Berlusconi, investigado pela operação, se opôs à demissão e passou a tentar derrubar o gabinete, acusando-o de "politizar-se", em vez de permanecer ocupado por técnicos. O próprio Dini assumiu, interinamente, o posto.

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