São Paulo, sábado, 28 de outubro de 1995
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Restaurantes se unem e para ajudar crianças

DA REPORTAGEM LOCAL

Crianças que vivem perto da quadra da escola de samba Colorados do Brás, na região central de São Paulo, dispõem de programas de recreação e esportes no local.
"A idéia é trabalhar a sociabilidade dessas crianças por intermédio de atividades lúdicas", diz o empresário Percival Maricato, 51, idealizador do Projeto Kinderê.
O projeto nasceu durante o Carnaval de 94. As crianças frequentavam a quadra da escola para ajudar a fazer os adereços. Após os desfiles, ficavam sem ocupação.
"Um dos grandes problemas do bairro são as pessoas que vivem em cortiços", diz Maricato, que foi presidente da Colorados do Brás. "Resolvemos aproveitar um espaço ocioso no terreno da escola durante o dia para que as crianças não ficassem soltas nas ruas ou presas em casa", afirma.
Maricato, dono do restaurante Danton, procurou os proprietários da Cervejaria Continental para que, em parceria, adaptassem o local de modo a tornar possível a realização das atividades.
"Existem muitos terrenos ociosos na cidade que podem ser usados para esse fim. É um trabalho barato, que não precisa ser feito por grandes empresas. Se todo mundo fizesse um pouco, ajudaria a resolver o problema de crianças carentes", diz Maricato.
Foram construídas três salas, uma para cozinha, outra para aulas e um pequeno escritório. A bailarina Maria Mommensohn, 42, foi contratada para ajudar na implementação do trabalho.
Três monitores passam as tardes com as cerca de 50 crianças desenvolvendo atividades de educação física, música e teatro.
Os monitores passam nas casas das crianças para chamá-las para as atividades. "Se pudéssemos oferecer pelo menos um lanche, talvez as crianças se mobilizassem mais", diz a bailarina Maria.
O monitor de música é percussionista. As crianças usam instrumentos da Colorados do Brás para treinar o que aprendem. O monitor de educação física organiza jogos de futebol e a de teatro trabalha com o "Bumba Meu Boi".
"Conseguimos um boi e o adaptamos à nossa realidade, virou o 'Samba Boi do Brás', as crianças ajudam a fazer as letras e isso contribui para despertar o interesse por outras áreas", diz Maria.
A bailarina, que é coordenadora da Associação Kinderê, conta que o padrão de agressividade e a falta de comunicação chamam atenção nos meninos e meninas, que têm em média 9 a 13 anos de idade.
"O simples fato de brincar junto e saber respeitar as regras do jogo é difícil para eles, e esse é o aspecto fundamental que procuramos desenvolver", diz.

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