São Paulo, sábado, 28 de outubro de 1995 |
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NY exibe diálogo dos simbolistas Munch e Sohlberg com a natureza
CELSO FIORAVANTE
O título da mostra a delata. Além de retratar a relação de dois dos maiores expoentes artísticos da história do país com a natureza, "Landscapes of the Mind" evidencia o conceito -comum aos dois- da natureza como reflexo de um estado de espírito. Oriundos do naturalismo, porém dissonantes deste movimento, para eles, a natureza funciona como metáfora das emoções. Mas tanto em Munch quanto em Sohlberg, a natureza não representa mais a celebração da majestade e da identidade nórdica, mas um espelho das almas (geralmente atormentadas e à procura da serenidade). "Da mesma forma como Leonardo da Vinci estudava a anatomia humana e dissecava cadáveres, assim procuro dissecar almas", disse Munch. Esta sua posição não é diferente em relação à natureza. Ao retratar o homem como mais um dos elementos de suas paisagens, o pintor evidencia a impotência deste em relação ao meio. Angústia, melancolia e mistério são algumas das sensações que permeiam este encontro e estão presentes em obras como "Separação" (1896) e "Garotas na Ponte" (1903), presentes na mostra. Também em Sohlberg, a natureza é soberana, a solidão é universal e a verdade vai além do homem. À medida em que observa e admira à distância a natureza, o homem se afasta dela e demonstra sua impotência. Por isso ele o exclui de suas paisagens, algumas com títulos como "Ansiedade' e "Desespero". Mostra: Landscapes of the Mind (telas, desenhos e gravuras de Edvard Munch e Harald Sohlberg) Quando: até 14 de janeiro (o museu fecha às segundas-feiras) Onde: National Academy Museum (Fifth Ave.,1.083, entre ruas 89 e 90) Texto Anterior: O homem alto não é gay nem nazista Próximo Texto: Abdias do Nascimento retrata orixás como forma de resistência cultural Índice |
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