São Paulo, domingo, 29 de outubro de 1995
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'Bráulio' sai candidato a prefeito de SP

ROGERIO WASSERMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de ganhar fama nacional com a malsucedida campanha do Ministério da Saúde, o Bráulio agora quer ser prefeito. A idéia da campanha foi lançada na semana passada pelo Pato (Partido Abstrato Tropical Onírico).
Com o lema "Este você conhece - Bráulio prefeito", a campanha ganhou as ruas de Santa Cecília e Consolação, no centro de São Paulo. Cerca de mil cartazes com a frase foram colados.
Bráulio foi o nome inicialmente sugerido para denominar o pênis em um comercial do ministério que incentivava o uso da camisinha. Depois das reclamações das pessoas que se chamam Bráulio a campanha foi alterada, mas o nome "pegou" como sinônimo do órgão genital masculino.
Para o presidente do Pato, o empresário José Roberto Reder Borges, 44, o Braúlio é o candidato ideal. "Ele tem penetração em todas as classes sociais", diz.
O lançamento oficial da campanha ocorreu na sexta-feira retrasada, na "Peruada" do Centro Acadêmico 11 de Agosto, da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, passeata anual dos alunos.
Segundo Borges, o Bráulio ainda não tem programa de governo. "Ele é um sujeito de centro com tendências à esquerda, é esportivo -vive batendo uma bolinha- e ecológico -adora um matinho", afirma Borges.
O Bráulio pretende ser o Macaco Tião (candidato fictício lançado nas eleições de 1989) das próximas eleições. "Infelizmente a informatização das eleições vai inviabilizar um pouco nossa idéia, porque não vai haver espaço para o voto de protesto", diz Borges.
O Pato vem realizando campanhas como essa desde a sua fundação, há cinco anos. "Fiquei sabendo que na Europa haviam fundado o Partido dos Idiotas e resolvi criar o Partido dos Patos. Como já existia um PP, coloquei o pato na sigla do partido", diz Borges.
A primeira campanha do partido aconteceu em dezembro de 1991, com um cartaz com os dizeres "Fernandinho tá uma b...", em protesto contra o então presidente Fernando Collor de Mello.
Borges lembra ainda a criação de um troféu, intitulado "Ronald Biggs", para o supermercado que mais aumentou seus preços.
Com as campanhas, Borges acabou virando freguês tão assíduo de uma gráfica para imprimir os cartazes que acabou comprando-a há um ano. "Agora os outros candidatos acabam financiando a campanha do Bráulio quando mandam fazer seus cartazes aqui", diz.
Borges diz que está recebendo entre seis e oito telefonemas por dia, de gente solidária à campanha. "Todo mundo está querendo trabalhar para o Bráulio", diz.

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