São Paulo, domingo, 29 de outubro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Indústria deixa de ser 'usina' de novos postos

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo que a economia brasileira volte a apresentar o que os economistas chamam de crescimento sustentado -aquele que não traz nenhum efeito indesejado, como a inflação-, ainda assim o emprego industrial crescerá lentamente e não absorverá os trabalhadores hoje desempregados.
Mesmo porque, além daqueles já existentes, é preciso contar com os trabalhadores que ano a ano passam a procurar emprego.
Essa é a avaliação do diretor-titular do Departamento de Economia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Boris Tabacof.
"O problema do emprego já não é mais só da indústria, mas de toda a sociedade. É a grande discussão deste final de século", avalia Tabacof.
As estatísticas da própria federação das indústrias indicam quão premente é a solução desse problema. E que não basta esperar a economia voltar a crescer.
A maior responsável pela queda no emprego, segundo o diretor da Fiesp, é a abertura da economia à concorrência dos importados.
O que não quer dizer que essa abertura foi prejudicial. "Para a indústria, o processo de reestruturação foi vital, foi uma questão de sobrevivência", diz Tabacof.
O ajuste foi movido principalmente por dois fatores. Um foram as novas tecnologias, que entraram na linha de montagem substituindo trabalhadores.
Por outro lado, novos métodos de administração que privilegiaram estruturas mais enxutas, com a terceirização de vários serviços.
Com isso, gerar emprego -em grande volume- já não é mais responsabilidade das indústrias. "O setor de serviços é, daqui para frente, o grande gerador de empregos", diz o diretor da Fiesp.
No entanto, Tabacof ainda vê nichos na indústria brasileira com considerável potencial para criar novos postos de trabalho.
A indústria de alimentos, que ganha com a estabilidade da economia ao incorporar consumidores de menor renda, é um dos nichos.
Outro são os produtos florestais, diz Tabacof, como a indústria de papel e celulose, incluindo aí o setor de embalagens.
Mineração e construção civil também devem ter crescimento no emprego. Além de todo o setor de infra-estrutura, como materiais ferroviários e rodoviários. Mas, para isso, diz Tabacof, a economia precisa voltar a apresentar o tal crescimento sustentado.

Texto Anterior: Economista diz que flexibilizar requer cuidado
Próximo Texto: Está mal resolvido
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.