São Paulo, domingo, 29 de outubro de 1995
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Otimismo reaparece com planos diretos

RODRIGO AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de três meses de crise, os planos de financiamento direto para a compra de imóveis estão de volta. Junto com eles, surge a expectativa de recuperação do mercado imobiliário.
Os planos diretos são a forma encontrada pelas construtoras para driblar a carência de financiamentos bancários para o mercado imobiliário e a falta de dinheiro no bolso da classe média.
Esses planos estavam sumidos desde julho, quando o governo proibiu a cobrança do resíduo inflacionário dos contratos.
O resultado foi que as vendas caíram. Segundo o Datafolha, em setembro só foram vendidas 351 das 10.265 unidades oferecidas.
Em junho, antes da proibição da cobrança do resíduo, foram vendidas 745 de 9.927 oferecidas.
O resíduo é o aumento de custos das obras que as construtoras repassam ao comprador por meio de reajuste das parcelas mensais.
Desde julho de 1994, porém, os aumentos das parcelas só podem ocorrer uma vez por ano. As diferenças entre as parcelas reajustadas e as que podem ser cobradas acabam reunidas em uma prestação extra -o chamado resíduo.
No último dia 8, o governo voltou a admitir a cobrança dessa parcela extra para contratos de 36 meses ou mais. Assim, reapareceram os financiamentos diretos e o setor aposta no reaquecimento.
A Rossi Residencial, por exemplo, já realizou 50 vendas pelo seu Plano 100 na capital paulista desde a volta do resíduo.
Há também a previsão de queda dos preços iniciais dos imóveis, que subiram até 15% desde julho.
"Os preços deverão voltar aos patamares de junho", diz Jesus Castilho, diretor da Construforte. A empresa subiu seus preços entre 10% e 12% desde julho.
Mas, apesar do otimismo, poucos empreendimentos devem ser lançados até o final do ano.
"As construtoras ainda possuem muitos imóveis estocados", diz José Roberto Dalcon, diretor da imobiliária Fernandez Mera.
José Paim, diretor da Rossi, diz que a empresa só fará novos lançamentos em São Paulo em 96.
"Não haverá nenhum 'boom' no mercado nos próximos meses", concorda Guilherme França, supervisor da construtora Líder.
Jorge Lopes, diretor da Master Incosa lembra que a MP (medida provisória) 1.445, que liberou a cobrança do resíduo, vale apenas por um ano -até outubro de 97.
"A 'gestação' de um empreendimento dura no mínimo seis meses. Quando se aproximar o término da validade da MP, vai aumentar a insegurança do mercado."

LEIA MAIS
sobre financiamentos diretos na pág. 9-3

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