São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 1995
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Du Pont investe US$ 90 milhões em "fábrica do futuro" no Brasil

EDUARDO BELO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Du Pont América do Sul vai investir US$ 90 milhões para ter, no Brasil, a "fábrica do futuro". Essa é a denominação que a empresa dá ao mais moderno sistema de produção do fio sintético elastano, mundialmente conhecido como Lycra (sua marca registrada).
Com tecnologia desenvolvida nos centros de pesquisa da empresa na Europa, Estados Unidos e Japão, a fábrica brasileira é uma das três do gênero que a Du Pont pretende instalar no mundo.
A primeira já está em construção na cidade de Waynesboro, na Virgínia (Estados Unidos). Outra será em Cingapura.
A construção no Brasil terá início ainda neste ano. Instalada junto à unidade de Paulínia (120 quilômetros a noroeste de São Paulo), deve funcionar a partir de 1998, diz Nicésio Ronan Cascone, 39, diretor de manufatura da Du Pont América do Sul.
Ele afirma que a nova unidade irá gerar cerca de cem empregos diretos. Pela atual tecnologia, uma fábrica com a mesma capacidade empregaria entre 130 e 150 pessoas, afirma.
A produção anual prevista para a "fábrica do futuro" no Brasil é de 5.000 toneladas de elastano. Só para se ter uma idéia, nove quilômetros de elastano pesam 40 gramas. Depois de esticado, os mesmos 40 gramas equivalem a 45 quilômetros de fio.
Por ser a única a produzir o fio no país, a Du Pont não revela o volume de produção atual. "Vamos expandir a fábrica em 30% e o pessoal, em 5%" , diz o diretor.
Cascone afirma que o novo conceito vai melhorar a produtividade da Du Pont no Brasil. A taxa de refugo (produto com defeito) deve cair de 10% para 5%, prevê.
Segundo ele, a planta de Paulínia é considerada a melhor fábrica de elastano do mundo -padrão de excelência a ponto de outras dez unidades da Du Pont no exterior enviarem funcionários para treinamento na cidade.

Menos níveis
Há dois anos na direção da fábrica, Cascone diz ter implantado filosofia de trabalho segundo a qual diminuem os níveis hierárquicos e os operadores se tornam mais responsáveis pela produção.
Ele se antecipou à tendência da "fábrica do futuro" e os supervisores foram eliminados. Em contrapartida, a empresa passou a oferecer participação nos lucros, diz.
Segundo ele, isso proporcionou ganhos de produtividade que permitiram à empresa, este ano, reajustar salários e contratos, em dólar, em até 30%, sem mexer nos preços e a manter a competitividade internacional.
Na nova fábrica, a empresa vai implantar o sistema de construção modular, que permite ampliar as instalações a qualquer momento. A produção será voltada para o mercado interno e América do Sul, mas pode atender também outras regiões, se houver demanda.
Segundo o diretor de manufatura, a Du Pont investe de US$ 1 bilhão a US$ 2 bilhões por ano, sempre com o objetivo de crescer o dobro do PIB das regiões em que atua.

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