São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 1995 |
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Lei viabiliza o marketing quase gratuito
FERNANDO CANZIAN
Depois de quatro anos de prejuízos, a maioria das companhias do país voltou a ter lucro; o desconto no imposto de renda com base na lei subiu (em maio) de 2% para 5%; e o processo de aprovação dos projetos foi simplificado. Hoje, um projeto pode ser aprovado no Ministério da Cultura sem ter um patrocinador e só depois ser colocado nas mãos de um "agente cultural" para convencer uma empresa a patrociná-lo. "A lei deixou de ser impenetrável", diz João Madeira, da Shell, que investirá R$ 3 milhões em marketing cultural este ano, dos quais R$ 750 mil incentivados. Entre os patrocinados, estão o Grupo Corpo, de dança, e o Prêmio Shell para Música Brasileira. A consultoria tributária Trevisan & Associados calcula que, em condições ideais, para cada R$ 100 que uma companhia usa para patrocinar um evento com base na Lei Rouanet, ela acaba desembolsando, de fato, R$ 33 em caso de doação e R$ 38 no de patrocínio. "A lei é excelente para as empresas, que fazem marketing a um custo baixíssimo", diz Ricardo Fidelis, da Trevisan. "Ela só não é boa para quem toma ônibus, pois é dinheiro de impostos dos contribuintes que financia os projetos." Para comparar, os R$ 9,5 milhões que o governo vai deixar de arrecadar em 95 poderiam comprar 136 novos ônibus urbanos. Críticas Outros críticos dizem que, somando a Lei Rouanet às de incentivo estadual e municipal, o marketing cultural acaba saindo a custo zero ou até mesmo sendo lucrativo para as empresas. Para Carlos Nascimento, do Instituto Alfa Real, "o que o governo deixa de arrecadar em impostos é muito pouco se comparado aos efeitos diretos e indiretos que a lei tem sobre o desenvolvimento de projetos culturais". No caso do Banco Real, os incentivos da lei têm financiado, além do novo teatro, filmes como "Tieta", balés e a reforma da Biblioteca Nacional do Rio. Carlos Pousa, diretor do Banco Nacional, afirma que os investimentos deste ano na área cultural serão 25% maiores do que em 94. Segundo ele, investir na área é a estratégia do banco. Dos R$ 3,3 milhões em investimentos previstos para 95, R$ 1 milhão são incentivados. Texto Anterior: Bonvicino lança livro na Belas Artes hoje Próximo Texto: Obras de teatro começam em 15 dias Índice |
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