São Paulo, sábado, 4 de novembro de 1995
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Forças Armadas voltam a atuar no Rio

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador do Rio, Marcello Alencar, acertaram ontem um programa de combate à violência na capital fluminense que inclui atuação direta das Forças Armadas no controle do contrabando de armas e narcotráfico.
Além da manutenção do Exército no trabalho de inteligência e logística, o governo convocou a Aeronáutica e a Marinha para executar junto com a Receita e a Polícia Federal um programa de vigilância do porto e aeroporto do Rio.
Em reunião no Planalto, também ficou decidido que o governo vai apressar a instalação do Conselho de Segurança do Sudeste para integrar as polícias dos quatro Estados da região (RJ, SP, MG e ES) e a Polícia Federal.
A idéia é fazer com que as quatro polícias trabalhem juntas e evitem cenas públicas de disputas, como as registradas meses atrás quando a PM mineira soltou no Rio uma garota que tinha sido sequestrada por traficantes cariocas. A ação foi festejada em Minas como uma vitória da eficiência mineira sobre a polícia carioca.
Dentro de dez dias, o ministro da Justiça, Nelson Jobim, e o governador Marcello Alencar vão definir a estrutura de funcionamento do conselho e discutir a coordenação das polícias por um órgão. Jobim disse que as Forças Armadas darão "apoio logístico" no fornecimento de armas e informações.
Nelson Jobim afirmou que o retorno do Exército ao trabalho policial rotineiro está "em princípio descartado". Segundo ele, "se houver necessidade, se pensa nisso". Inicialmente, o Exército deverá ajudar a reforçar o controle das fronteiras.
Ministério da Marinha, Polícia Federal, Receita Federal e Companhia Docas do Rio vão se reunir na terça-feira para definir formas de intensificar o trabalho de fiscalização no porto do Rio.
A ação no aeroporto internacional do Galeão para controlar contrabando e narcotráfico vai envolver os ministérios da Aeronáutica e Justiça e a Receita Federal. Jobim disse que o aeroporto terá uma nova "estrutura".
FHC e Alencar reuniram-se ontem de manhã no Palácio do Planalto com os ministros Nelson Jobim (Justiça) e Zenildo Lucena (Exército), o chefe da Casa Militar, general Alberto Cardoso, e o subsecretário de Inteligência da Secretaria Geral, general Fernando Cardoso.
O Conselho de Segurança do Sudeste será formado por dois ou três representantes de cada Estado e o Ministério da Justiça.
O governador do Rio disse haver dificuldade na articulação entre as polícias "seja por espíritos corporativos ou até pela falta de prática de ações". Segundo Alencar, "é notório e está nas folhas dos jornais que há divergências entre a minha própria polícia, a civil e a militar. Imagine as outras".
A volta da ação militar no combate à violência no Rio começou a ser definida no último dia 27, durante visita de Fernando Henrique à cidade para embarque no navio porta-aviões Minas Gerais.
O governador pedira essa medida a FHC. O presidente disse que as Forças Armadas poderiam atuar na sua "vocação específica", citando o combate ao contrabando.
Alencar negou que o retorno da ação militar seja consequência do aumento nos casos de sequestros. Segundo ele, o registro de três sequestros na semana passada foi "uma coincidência".
As ações serão executadas com base no convênio de combate à violência firmado há um ano entre os governos federal e estadual.

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