São Paulo, domingo, 5 de novembro de 1995
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Grupo tenta ampliar lista de desaparecidos

VANDECK SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE (PE)

O Grupo Tortura Nunca Mais de Recife pretende começar, na segunda, a tomar depoimentos de ex-presos políticos para provar que pelo menos 11 pessoas foram mortas em Pernambuco sob custódia do Estado durante o regime militar (1964-85). São 10 militantes de esquerda e 1 padre, Antônio Henrique Pereira Neto.
Segundo a versão policial, as mortes aconteceram em tiroteios ou em situações não-esclarecidas.
O objetivo do Tortura Nunca Mais é incluir os 11 na lista de 136 desaparecidos políticos que tiveram as mortes reconhecidas pelo governo federal. O projeto que indeniza parentes dos 136 foi aprovado na Câmara e está no Senado.
"O projeto prevê a criação de uma comissão para apreciar casos de outras pessoas assassinadas. É o caso dessas 11, disse Amparo Araújo, do Tortura Nunca Mais.
Os depoimentos devem ser assistidos por advogados da Secretaria de Justiça do Estado e serão enviados ao Ministério da Justiça.
Os primeiros serão sobre o caso de José Carlos Novaes Mata Machado, preso em São Paulo e, segundo a polícia, morto em tiroteio em 28 de outubro de 1973, em Recife. O grupo quer provar que o militante da Ação Popular foi morto sob tortura no DOI-Codi (Destacamento de Operações e Informações do Centro de Operações de Defesa Interna).
Falarão o sindicalista Carlúcio de Souza Castanha Júnior, 48, que esteve preso no DOI-Codi na mesma época em que Machado, e o músico Custódio Amorim.
Castanha Júnior é secretário-geral da Conferência Nacional dos Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores e mora em São Paulo. Em Recife, com base no inquérito policial, fez a reconstituição do susposto tiroteio.
"Pela reconstituição, dá pra provar que o tiroteio foi um teatro. Há testemunha que teria ouvido os disparos a mais de 700 metros de distância, e os atingidos foram levados para um hospital a quilômetros, quando havia um a cerca de 200 metros", disse.

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