São Paulo, terça-feira, 7 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Técnicos do Banco Central acertam detalhes do acordo do Banespa

SILVANA QUAGLIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de definir o modelo básico para a renegociação da dívida de aproximadamente R$ 14 bilhões do governo paulista com o Banespa, técnicos do Banco Central trabalham, agora, na montagem de simulações que definirão os desembolsos do Estado.
O acordo que suspenderá a intervenção do BC no Banespa não está longe de ser fechado, segundo a Folha apurou junto a técnicos e lideranças políticas.
Várias opções de parcelamento estão sendo formuladas. Variam os prazos de pagamento -entre 20 e 30 anos-, a taxa de juros e o montante das parcelas.
Os técnicos estudam adotar a Libor (taxa do mercado londrino, que serve de parâmetro para empréstimos em todo o mundo) como indexador, que está em 5,7% ao ano. Mas ainda não foi descartada a indexação pela TR (Taxa Referencial), que é de 19,5% ao ano.
As simulações estão sendo feitas justamente para definir qual proposta melhor se adapta à capacidade de pagamento do Estado.
O modelo básico já definido prevê que o governo paulista dará os 66% de ações votantes que detém do Banespa como caução (garantia) a uma espécie de empréstimo do governo federal para que o Estado quite cerca de R$ 6,5 bilhões de sua dívida com o banco.
Também servirão de garantia ao pagamento ações de empresas estatais, como as do setor elétrico, e bens imóveis.
O governador Mário Covas (PSDB) não se incomoda em dar garantias, porque parte da premissa de que o acordo será cumprido e as prestações pagas.
Covas também não concorda que se o Estado der ações do Banespa como garantia de pagamento, estará abrindo caminho para a privatização do banco.
Na avaliação do governador, se o BC quisesse privatizar o banco não precisaria esperar. O Banco Central tem o poder de desapropriar as ações do acionista controlador (o Estado de São Paulo) desde 30 de dezembro de 1994, quando interveio no Banespa para evitar sua insolvência.
A questão é mais política do que técnica. Tecnicamente, a fórmula para a renegociação da dívida está apenas sendo acertada.
Assim que o acordo for anunciado, será assinado um protocolo de intenções e se poderá dar início a uma administração compartilhada entre o BC e o governo do Estado. Mas o desfecho ainda dependerá da aprovação legislativa -tanto do Senado Federal como da Assembléia do Estado.
Isso porque a solução para o caso Banespa passa pela emissão de títulos estaduais que serão trocados por federais e pela venda de patrimônio.

Texto Anterior: Fiesp acha que o banco vai ajudar a indústria
Próximo Texto: Governo procura sintonizar seu discurso na véspera da votação
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.