São Paulo, terça-feira, 7 de novembro de 1995
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Catani nega ter visto cheque de Alves

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-juiz de futebol Wilson Roberto Catani, principal envolvido no suposto esquema de corrupção revelado pela "fita do suborno", acusou o jornalista Alexandre Reis de ser a pessoa que lhe revelou os números do CPF, de uma conta bancária e de um cheque de Laerte Alves, presidente do Botafogo.
Na "fita do suborno", Catani relata que lhe pagou para fraudar arbitragens com o objetivo de assegurar o acesso do Botafogo, no Campeonato Paulista da Série A-2.
O Botafogo terminou em terceiro e subiu para a Série A-1.
A "fita do suborno" contém as conversas entre Catani e Luís Augusto Soares, nome fictício com o qual Reis se apresentou. Catani diz que sabia que estava sendo gravado e que "inventou" todas as declarações -mas a fita contém informações verdadeiras, como os dados de Alves.
Anteontem à noite, Catani disse no programa "Mesa Redonda", da TV CNT/Gazeta, que Reis, fazendo-se passar por uma terceira pessoa, lhe deu o número de três cheques. "Reconheci a voz dele e anotei tudo."
Catani revelou nova versão sobre onde estava no período entre a revelação da fita, em meados de outubro, e a sexta-feira-passada.
Ele negou que tenha estado no interior de São Paulo, como seu advogado, José Izar, informara. "Sofri um infarto e fiquei no Incor (Instituto do Coração). Foi o Izar que orientou a minha família a dar essa informação para que ninguém tentasse me encontrar."
Izar negou a afirmação do seu cliente. Irritado, disse: "Foi a família dele que me disse que ele estava no interior. O Catani tem o direito de falar o que quiser".
Catani esteve internado entre 20 e 25 de outubro, mas só "reapareceu"no dia 27, sexta-feira. Nesses dois dias, quando atendeu ao telefone, tentou passar pelo filho, José Carlos, e pelo irmão Pedro, que não existe. "Foi o Izar que me orientou", disse.
Para sustentar sua versão de que tudo não passou de uma brincadeira, Catani pediu desculpas a "Corinthians, Palmeiras e todos os clubes e pessoas" que citou.
Em seguida, elogiou Eduardo José Farah, presidente da Federação Paulista de Futebol. "A administração dele é nota mil."
Na fita, Catani critica a Farah e diz que move ação contra ele.
Catani foi afastado no início da gestão Farah, em 88. "Com o tempo, percebi que ele tinha o direito de ficar com os juízes em que confiava", disse.

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