São Paulo, terça-feira, 7 de novembro de 1995
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"Cultura de massas é ilusão", diz FHC

ALEXANDRE SECCO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso encontrou anteontem em uma fábrica de caminhões o paradigma para a vanguarda artística e aproveitou para celebrar o fim da cultura de massas.
"Hoje a cultura de massas é uma ilusão", disse o presidente, discursando como professor, na abertura do 1º Encontro de Cultura Brasileira, domingo no Teatro Nacional de Brasília.
A prova de que cultura de massa é ilusão, afirmou o FHC, é o que está acontecendo na linha de montagem de caminhões da Volkswagem. Os chassis dos caminhões estão sendo fabricados com grife, "levam o nome do operário responsável pela montagem".
Segundo ele, o exemplo dos caminhões com grife, aponta para o nascimento de um novo tipo de relação entre produtor e consumidor, seja de caminhões, seja de artes plásticas ou de filmes.
É lógico que os operários da Volks não têm liberdade para inovar na fabricação dos chassis. Ao que se sabe, nenhum caminhão sairá da fábrica pintado na cor escolhida pelo operário.
Para o presidente, no entanto, a fábrica é um bom exemplo. A produção cultural hoje em dia, disse, atende interesses mais específicos e com isso só se beneficia.
Ele lembrou que falava "como alguém que gostaria de estar aí no lugar de vocês, na frente da produção cultural".
Entre os homenageados pela Ordem do Mérito Cultural, estavam os senadores Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) e José Sarney (PMDB-AP), executivos do mercado financeiro, sambistas, como Joãosinho Trinta, e artistas como Fernanda Montenegro.
Depois das homenagens, FHC emendou a teoria e começou a pedir dinheiro. Falou da necessidade de parcerias entre Estado e iniciativa privada para que seja possível aproveitar as lufadas de renovação, cujo exemplo pode ser encontrado na fábrica de caminhões.
Falando de dinheiro, FHC disse que o governo estava cumprindo sua parte (multiplicando por cinco os investimentos em cultura) no ano que vem -em relação ao que está sendo gasto neste ano.
Ele também cobrou de empresários, especialmente dos dirigentes de empresas estatais, ajuda para financiar projetos culturais.

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