São Paulo, sexta-feira, 10 de novembro de 1995
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Stallone vence duelo 'cabeça' em 'Assassinos'

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Filme: Assassinos (Assassins)
Produção: EUA, 1995
Direção: Richard Donner
Elenco: Sylvester Stallone, Antonio Banderas e Julianne Moore
Onde: estréia hoje nos cines Bristol, Eldorado 4, Marabá e circuito

É difícil de acreditar e duro de dizer, mas Sylvester Stallone está melhorando com o tempo. Ainda não é nenhum Arnold Schwarzenegger, o brutamontes capaz de rir de si mesmo, mas dá sinais de que começa a pensar um pouco.
"Assassinos", que estréia hoje em 125 cinemas de 68 cidades brasileiras, é um filme de ação altamente competente, que surpreende por responder de forma positiva ao desafio de conseguir ser eletrizante sem ser imbecil.
Stallone não é hoje apenas o melhor ator do mundo, na opinião dos paulistanos, ouvidos recentemente numa pesquisa do Datafolha, mas também um dos três maiores salários de Hollywood.
Apesar desse sucesso em São Paulo, o astro de "Rocky" e "Rambo" não dá sinais de que esteja se acomodando. Dentro das suas possibilidades, Stallone vem tentando nos últimos anos fazer filmes, digamos, "sérios".
Sua meta tem sido encenar películas que, além da habitual brutalidade e grosseria, contenham algo que se aproxime de um enredo.
Para isso, a ação deve ser entremeada por: a) um ou outro diálogo inteligente ou engraçado entre os milhares de tiros; b) referências à cultura pop, como HQ e rock, ou a temas atuais, como Internet; e c) uma história paralela de amor com uma mulher que poderia ser a namorada de qualquer marmanjo sentado na platéia, mesmo dos que odeiam academias de ginástica.
"Assassinos" tem tudo isso e algo mais. Desde a primeira cena, filmada em preto e branco, até o uso repetido do computador como meio de conversa e troca de informações, tudo no filme parece construído para dar um toque "cabeça" ao filme (Stallone até usa óculos quando digita algumas frases em seu "notebook").
O ator interpreta (se o leitor acha essa palavra uma provocação, leia "vive") Robert Rath, um experiente matador profissional, que dá os primeiros sinais de cansaço. A publicidade do filme, com exagero, descreve esse quadro como sendo de "crise existencial".
O seu mundo de crimes sob encomenda começa a ser ameaçado por Miguel Bain, um matador profissional de outra geração, vivido de forma engraçada por Banderas.
Rath é de uma época em que os profissionais "apenas" matavam os seus alvos -e sem humilhá-los. É um matador "clean". Bain considera antiquados esses métodos. Mata tresloucadamente qualquer um que apareça entre a sua arma e o seu alvo.
No meio disso aparece Electra (Julianne Moore), uma gracinha especializada em arrombar, sem sair de casa, arquivos secretos do computador dos outros. É, na linguagem do meio, uma "hacker".
Os tiros e perseguições são pontuados por uma trilha sonora bem pop, com destaque para a versão de "Like a Rolling Stone", de Bob Dylan, cantada pelos Rolling Stones, ainda não lançada em CD.
Na segunda metade do filme, Stallone veste uma calça branca e leva a ação para o Caribe. Apesar de algumas deduções mágicas e um ou outra inverossimilhança , a partir daí "Assassinos" cumpre tudo que prometeu até então: muita ação, suspense e diversão.

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