São Paulo, sábado, 11 de novembro de 1995
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FHC cobra mais resultados de Jatene

ALEXANDRE SECCO; MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso mandou ontem um recado, em tom de advertência, para o ministro da Saúde, Adib Jatene. Disse que os resultados da área de saúde não estão correspondendo às expectativas.
A afirmação de FHC foi feita um dia depois de o líder do PSDB criticar Jatene. A Folha apurou que o partido do presidente defende a substituição do ministro pelo deputado Sérgio Arouca (PPS-RJ).
"Devo dizer que o governo federal dobrou, em termos reais, os gastos com a saúde. Não tenho certeza se os resultados equivalem ao dobro do esforço feito, porque é um processo mais complexo do que isso, mas a demonstração de qual é a orientação do governo na área social está bem clara", afirmou FHC.
O recado do presidente a Jatene foi dado durante discurso para anunciar mudanças na legislação sobre a reforma agrária. FHC falou que seu governo está voltado para a área social e reiterou compromissos firmados na campanha eleitoral.
O programa de FHC para a área de saúde estabelece como objetivo investimentos de R$ 80 per capita ao ano. Nos primeiros dez meses de mandato, essa meta já teria sido cumprida, segundo o governo.
Jatene questiona as metas do programa. O ministro diz que o dinheiro é insuficiente. Por isso, defende a aplicação de mais dinheiro na saúde. A nova versão do imposto sobre cheques deverá render cerca de R$ 6 bilhões por ano.
O recado de FHC mostrou que as críticas ao desempenho do ministro foram registradas pelo Planalto. Mas o presidente não cogita demitir Jatene, que entrou para o ministério como um dos "notáveis" do governo.
FHC tem insistido que reforma ministerial não é assunto para o momento. Terá de esperar até que o Congresso aprove as propostas de reforma constitucional enviadas pelo governo, no mínimo.
Jatene também já deixou claro que não tomaria a iniciativa de sair do governo. Costuma dizer que só deixa o ministério se for demitido.
Reunida anteontem na Câmara, a bancada tucana cobrou "mais resultados" de Jatene, que, segundo eles, insiste na aprovação do novo imposto para financiar a saúde, mas não combate as fraudes.
A principal queixa do PSDB contra a atuação de Jatene é que o ministro se empenharia demais em aprovar a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) apenas para aumentar os pagamentos de consultas aos hospitais. O governo paga atualmente por uma consulta R$ 2.
Jatene insiste que a CPMF é a única saída para a saúde. O dinheiro já está previsto no Orçamento da União para 96. A CPMF já foi aprovada pelo Senado, mas depende do voto de 308 dos 513 deputados em dois turnos para ser cobrada. Se não for aprovada, o Orçamento da saúde poderá sofrer cortes de até 30%.

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