São Paulo, domingo, 12 de novembro de 1995
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CNN se destaca ao cobrir a morte de Rabin

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O assassinato do premiê israelense Yitzhak Rabin no último dia 4 foi mais um daqueles acontecimentos em que todas as pessoas interessadas em obter informações atualizadas a respeito precisam sintonizar seus aparelhos de televisão na rede CNN.
Nos seus 15 anos de vida, a CNN conseguiu estabelecer essa tradição e, no caso da morte de Rabin, a manteve.
Nenhum outro meio de comunicação foi capaz de fazer cobertura do assassinato de Rabin tão extensiva e instantânea quanto a rede fundada por Ted Turner.
Há muita mitologia sobre a CNN, em especial no Brasil, onde se tem a impressão de que ela é a principal formadora da opinião pública dos EUA.
Longe disso. Pouca gente vê a CNN, comparada com as três grandes redes de sinal aberto (ABC, CBS e NBC). Mas, sem dúvida, o público da CNN é privilegiado. Iasser Arafat, por exemplo, viu o enterro de Rabin pela CNN.
Logo em seguida, Arafat deu entrevista por telefone a Larry King. Com frequência, políticos e mesmo chefes de governo usam a CNN para transmitir seus recados a colegas, em especial nos EUA. Arafat é mestre nisso.
Como de hábito, também, a cobertura da CNN da morte de Rabin foi acrítica e laudatória. A rede se deixa instrumentalizar e sempre se conforma aos interesses do "establishment" norte-americano.
Rabin foi santificado pela CNN (como, aliás, de modo geral pelos meios de comunicação no país). Ele foi equiparado a personagens históricos como Gandhi e Martin Luther King Jr., que dedicaram a vida à não-violência.
Aspectos de seu comportamento político anterior a 1992, como suas ordens para reprimir a intifada e invadir o Líbano, foram ignoradas. É impossível compreender quem foi Yithzak Rabin sem conhecer esses episódios.

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