São Paulo, segunda-feira, 13 de novembro de 1995
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Palmeiras vence o seu pior adversário

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O jogo estava duro: o Palmeiras não conseguia nem vencer a barreira formada pelo Criciúma, tampouco a angústia de saber-se melhor sem poder prová-lo em campo. Aliás, essa tem sido a síndrome do Palmeiras nesta temporada feita só de expectativas desfeitas. Mas bastou Luxemburgo meter o dedo no time, trocando o estabanado Alex por Nílson e pronto: um passe rolado sobre fita métrica de Rivaldo para Nílson foi o suficiente para o Palmeiras relaxar. Relaxou tanto que quase caiu em abulia, da qual despertou no gol de Muller.
Curiosa essa situação do Palmeiras. É, destacado, o melhor elenco do país; na soma geral de pontos, está em posição privilegiada; é o time que mais venceu até agora, e, no entanto, assombra-se com o fantasma da desclassificação para as fases decisivas do torneio.
Sem dúvida, é esse seu maior adversário.

É, no mínimo, intrigante o que está acontecendo com o São Paulo, ora na lanterna sem luz do fundo do poço, ora reacendendo trêmula esperança de classificação, para, em seguida, despencar na escuridão novamente.
Joga bem, joga mal, às vezes durante a mesma partida. É campeão da disciplina, mas vive tendo um jogador expulso na pior hora. Segue, pois, a linha oscilatória que marca a indefinição de seu time titular, que muda como as nuvens do céu vistas pela velha raposa mineira do folclore político que, certamente, não é o Telê, embora varie de Magalhães Pinto a Benedito Valadares, passando obviamente por Alckmin.
Essa é uma antiga lição que o velho mestre tem desprezado com surpreendente frequência: em time que vence não se mexe. Vencendo ou perdendo, Telê simplesmente não pára de mexer nesse time. Às vezes, para melhor; outras, para pior, como no caso de Gilmar, que sábado ficou no banco, enquanto o menino Bordon fazia aquela lambança toda, ponto de partida da virada do Grêmio sobre o São Paulo. Sim, porque além de Gilmar ter provado em campo que está anos-luz à frente de qualquer zagueiro do Morumbi, o tricolor tinha até então o jogo sob controle, com o placar de 1 a 0 mantido por força das trapalhadas do juiz, que invalidou o segundo gol legítimo e não assinalou um pênalti para cada lado.
Como? E o gol do Grêmio anulado? Também. Só que esse nasceu de outra falha do bandeirinha, que marcou toque de mão de Bordon num lance em que claramente a bola atingiu as pudendas do zagueiro tricolor. Na cobrança da falta que não houve, o gol anulado de Jardel, aí, sim, sem justificativa.

Pegue-se o exemplo do Corinthians. Embora cambaleando, vai em frente. Sempre ao apagar das luzes, o brilho da salvação. Será São Jorge? (Como diz o anúncio da moda, que me perdoem os evangélicos, craques nos chutes aos santos. Mas São Jorge nem santo é mais, a não ser, claro, no coração alvinegro).

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