São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 1995 |
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'On the Road' influencia novo CD da Timbalada
SYLVIA COLOMBO
O livro "On the Road", de Jack Kerouac foi uma das pricipais influências de seu mentor, Carlinhos Brown, na hora de conceber a mensagem do novo trabalho. A produção de "Andei Road" é dele e do americano Wesley Rangel. "Cultura 'beat' é popular e oral. Por isso é acessível. O material dela é o que se observa num caminhar por qualquer estrada. Como Kerouac fez o seu relato, eu também resolvi caminhar do mesmo jeito, só que na Bahia, brincando com a musicalidade dela", disse Brown em entrevista durante intervalo da passagem de som. A capa do CD mostra uma estrada com corpos de timbaleiros pintados no asfalto castigado. "Os beatniks são um referencial para a modernidade porque valorizam a trajetória das manifestações, a Timbalada quer destrinchar as sonoridades brasileiras." "Andei Road" é o terceiro trabalho da banda percussiva criada em 89 por Brown no Candeal. A base do som da Timbalada "é toda lata que podia ser batida na hora", diz Brown, citando como exemplos tampas de panela, bacias, etc. Hoje, Brown dedica-se a vários projetos simultâneos. Participou do disco da banda de rock Sepultura, gravado entre os índios, e do disco do carioca Ivo Meirelles. Divide parcerias com Marisa Monte, Paralamas do Sucesso, Nando Reis e outros nomes da música pop brasileira. Com isso a Timbalada vai sendo obrigada a ganhar vida própria. "Acho importante que a banda seja independente. A boa música brasileira subsiste porque tem um grupo de origem que orienta identidades particulares. Foi assim com a turma dos Novos Baianos e com os Doces Bárbaros, vai ser assim com Carlinhos Brown e a Timbalada." Pensando assim, Brown idealizou a Lactomia e o Bolacha Maria. A primeira é a Timbalada em versão mirim, formada por crianças de 6 a 14 anos. A segunda é a versão feminina, que abusa um pouco mais do rock e do rap. Para Brown é mais que urgente valorizar pequenas manifestações culturais no país e incorporá-las à nossa música. "O Brasil vai ditar regras no mundo. E não vai ser apenas vendendo a alma dos nossos artistas. Estamos formando gente que fica atrás, que articula e que define tendencias na música." A jornalista SYLVIA COLOMBO viajou a convite da Pracatum Produções Texto Anterior: A consciência sobrepõe críticas Próximo Texto: Brown canta com Marisa Índice |
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