São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 1995
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Movimento inspirou brasileiros

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Herdeiros brasileiros do legado beatnik, os poetas Chacal e Bernardo Vilhena dizem que a liberdade sem limites foi a principal marca da beat generation.
A partir dos anos 40, a geração de Jack Kerouac e Allen Ginsberg abriu os caminhos para que a turma de Vilhena e Chacal, hoje na faixa dos 40, vivesse duas formas de liberdade: a comportamental e a artística. "Eles usaram a liberdade como arma, para ofender os padrões rígidos de uma sociedade. Foram a lâmina que dividiu o século em duas metades.", afirma Bernardo Vilhena, 46.
O poeta e compositor lembra que, com suas três grandes paixões -pelas drogas, pelo sexo e pela velocidade- os beatniks abriram um período de efervescência cultural nos EUA e no mundo.
"Até então, a América não era nada culturalmente. A beat generation abriu as portas da América para negros, mexicanos e para o Terceiro Mundo", diz.
Definitiva foi também a influência da beat generation para o verso livre, afirma Bernardo Vilhena. Não à toa, Chacal, 44, lembra até hoje o dia em que viu Allen Ginsberg num festival de poesia em Londres, na Inglaterra, 1973.
Até então, o contato de Chacal com a beat generation era mais pela música de Bob Dylan. Naquele festival, percebeu que, entre os poetas de paletó e o anárquico Ginsberg, ficaria com o último.
Ele foi conquistado pela performance discursiva: o discurso como forma de arte. O mesmo que Bernardo Vilhena caracteriza como a perfeita integração entre o discurso e a vida dos beatniks.
"Foi um dos raros momentos na história em que o artista viveu o próprio discurso e fez de sua vida a sua arte, sem nenhum tipo de véu sobre suas relações. Eles já eram modernos em 1950", afirma.

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