São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 1995 |
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Israel entrega Jenin para a Autoridade Palestina
OTÁVIO DIAS
A autonomia de Jenin estava prevista no acordo de paz Oslo 2, assinado pelo primeiro-ministro Yitzhak Rabin (morto por um extremista judeu em Tel Aviv no último dia 4) e por Iasser Arafat, presidente da Autoridade Nacional Palestina, em Washington (EUA). "A entrega da cidade apenas alguns dias após o assassinato do premiê Rabin é um importante sinal de que o processo de paz continua", disse à Folha o governador de Jenin, Hikmet Zaid, 50. Jenin, com cerca de 200 mil habitantes (um quinto da população da Cisjordânia), é a primeira das sete cidades da Cisjordânia a receber autonomia até o fim do ano. Ontem foi dia de comemoração na cidade, decorada com milhares de pequenas bandeiras palestinas penduradas nas ruas, como nas festas juninas no Brasil. A imagem de Arafat estava presente em dezenas de cartazes espalhados por todos os cantos. A festa começou logo cedo, por volta das 8h (4h em Brasília), quando os soldados israelenses entregaram o controle de Jenin a cerca de cem recém-chegados policiais palestinos. Por volta das 10h, um comboio com cerca de 300 policiais palestinos chegou, vindo de Jericó. No total, cerca de mil policiais devem integrar a segurança da cidade. Os policiais, símbolo da autonomia recém-conquistada, foram recebidos com dança nas ruas. Grupos de mulheres cantavam e emitiam um som estridente, tradicional dos povos árabes. Ao entrar na cidade, os policiais levantavam suas armas e faziam sinais de vitória. A população, que lotava as ruas, as sacadas e os telhados das casas, respondia com a saudação: "Alá é grande. "A minha sensação é a de uma mãe que reencontra um filho que considerava perdido", afirmou à Folha um policial palestino, no momento em que chegava a Jenin. "Este é um dia sagrado para os palestinos, o dia em que voltamos para nossa terra. Hoje foi Jenin, amanhã será Jerusalém", afirmou Abu Auad, oficial de alto comando da polícia palestina. Segundo o governador Hikmet Zaid, a maioria da população apóia a Autoridade Nacional Palestina, mas extremistas palestinos, assim como ex-colaboradores do Exército israelense, podem criar problemas para a administração. "Nosso primeiro objetivo é garantir a segurança de Jenin na visita de Arafat." Texto Anterior: Setor de papel tem fusões Próximo Texto: Prisão da cidade é invadida Índice |
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