São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 1995
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Começa o governo Covas

CLÓVIS ROSSI

SÃO PAULO - O governador Mário Covas passa a impressão de que quer fazer da reforma do ensino a marca registrada de seu governo. Em reunião no fim-de-semana, chegou a dizer que não foi eleito só para construir "estradas e vicinais, o que qualquer um pode fazer".
Com isso, está criticando direta ou indiretamente todos os seus antecessores mais recentes, a começar de seu companheiro de partido Franco Montoro, e até o prefeito paulistano, Paulo Maluf, pode vestir a carapuça.
Covas está mobilizando o governo e seus aliados políticos para vender o projeto de reforma educacional, cujo ponto inicial é a separação entre os alunos mais jovens (do antigo primário) dos mais velhos (do que era o secundário).
Seu líder na Assembléia Legislativa, Walter Feldman, jura que, só por aí, vai se economizar 5% de tudo o que o governo estadual gasta com educação. E que os recursos poupados servirão para melhorar o salário dos professores e para reciclá-los.
Ou seja, a ênfase, até aqui voltada para a construção de escolas, passa a ser a qualidade do ensino. Como conceito, é perfeito.
No Brasil inteiro, são muito localizados os pontos em que o problema do ensino é a falta de escola. O ministro da Educação, Paulo Renato de Souza, calcula até que 90% dos jovens brasileiros entre 7 e 14 anos frequentam a escola. O problema está na repetência (só 40% dos que iniciam o curso primário terminam a oitava série).
Em São Paulo, então, virtualmente inexiste o problema da falta de vagas, mas, como nos demais Estados, a qualidade do ensino é precária, para dizer o menos. Logo, redirecionar recursos para o aperfeiçoamento dos professores é um caminho óbvio. Espanta é que não tenha sido seguido antes.
Feldman diz também que os alunos passarão a ficar na escola um mínimo de 5 horas (contra no máximo 3 horas hoje) e que os professores terão duplicada a sua carga horária (para 40 horas).
É saudável que o Estado crave a educação como o seu grande campo de batalha. Resta ver se as armas que está escolhendo são ou não as mais adequadas.

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