São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 1995
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Programa do álcool; Cultura resistente; Dúvida; Prefeituráveis; Falta de concorrência; Alarme

Programa do álcool
"Quero dar os parabéns à Folha pelo editorial 'Saco sem fundo', de 4/11, sobre a necessidade de redimensionar o Programa Nacional do Álcool. O que nós produtores queremos é exatamente uma definição governamental sobre o alcance do programa ou em que condições deverá ou não continuar existindo. Uma das primeiras questões a ser definida é o papel da Petrobrás, uma vez que sob sua direção executiva encontram-se as operações de distribuição de combustíveis, os cálculos de remuneração de produtos, a importação de petróleo e o perfil de mercado e de refino. Ou a Petrobrás se posicionará como empresa pública, co-responsável pela implementação da matriz energética nacional, ou como empresa privada na área petroquímica, posicionada para seus mercados e competindo para realizar seus lucros. Quaisquer soluções para o Programa Nacional do Álcool, seja sua extinção, seja uma manutenção no tamanho em que se encontra ou mesmo sua desativação gradual, precisam levar em conta, além do custo financeiro, o custo ambiental e o custo social. Sobre este último item, vale lembrar o editorial da Folha, 'Desemprego no campo', de 3/11, e relacioná-lo ao setor sucroalcooleiro, que ainda mantém no país mais de 1 milhão de empregos na área rural. Raciocinar apenas com o fluxo de caixa é o melhor caminho para chegarmos mais rapidamente ao fundo do poço. Os caminhos de sucesso dos países que desenvolveram vocações peculiares passam pelo estabelecimento de políticas muito bem definidas que nortearam as ações econômicas."
José Pilon, presidente da Associação das Indústrias de Açúcar e de Álcool do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Cultura resistente
"Em sua coluna de 9/11, Otavio Frias Filho presta justa homenagem a Ariano Suassuna. Tive o privilégio de assistir ao espetáculo protagonizado pelo dramaturgo, e também gostei. É curioso que Frias Filho use um 'felizmente' quando se refere ao 'desaparecimento' da realidade que supostamente serviu de fonte à nossa matriz cultural, como país. É um paradoxo, na linha de outros paradoxos que vêm desfilando em seus artigos. Penso que nesse caso o colunista comete um equívoco. Faz confusão entre a nossa identidade nacional e as estruturas arcaicas que marcam a formação e a trajetória histórica de nosso país. Ora, o melhor da nossa cultura e arte nasce exatamente da resistência a tais estruturas. Ouso dizer que tal resistência está no cerne do que pudemos construir de identidade nacional. Portanto não há o que saudar na globalização, nem na perda da identidade nacional. Elas não estão removendo os cancros da nossa sociedade, mas cristalizando-os. Talvez a globalização esteja fornecendo os meios para levar ao paroxismo, de maneira eficaz e limpa, nossas desigualdades sociais. Aliás, seria interessante ler do colunista algo sobre a cultura e a arte da nova era. Ele terá dificuldade para escrever sobre o assunto. Olho para a Ilustrada e só vejo 'velho'. O 'novo' ou é lixo ou é o 'velho' reembalado em "high-tech". As exceções são insignificantes."
Aldo Rebelo, deputado federal pelo PC do B-SP (Brasília, DF)

Dúvida
"Não entendi. O repórter André Lozano escreveu na Folha de 7/11 que 'a Prefeitura de São Paulo fechou ontem uma escola judaica que funcionava irregularmente no Jardim Europa (zona oeste), no dia em que foi enterrado o premiê israelense Yitzhak Rabin, assassinado no último sábado'. Fiquei pensando: a) será que o repórter está acusando o prefeito Paulo Maluf (ou a equipe do prefeito) de ter escolhido exatamente o dia do enterro do general Rabin para fechar a escola?; b) será que o prefeito Paulo Maluf, sabidamente descendente de uma família libanesa, quis magoar mais ainda, naquele dia, o povo de Israel?; c) será que o prefeito Paulo Maluf também conspira contra a paz no Oriente Médio?; d) será, meu Deus?"
Nicodemus Pessoa (São Paulo, SP)

Prefeituráveis
"Tendo em vista a pesquisa Datafolha sobre as eleições municipais do próximo ano em Porto Alegre, publicada na Folha e 'Zero Hora' (2/10), gostaríamos de manifestar o nosso desacordo com o fato de ter apenas o nome do companheiro Mendes Ribeiro Filho, do PMDB, incluso nas aferições. Em contrapartida, nosso tradicional adversário, o PT, teve quatro nomes relacionados no referido trabalho de campo. Nomes como o do deputado Nélson Proença, do secretário estadual da Agricultura, Cézar Schirmer, e do senador José Fogaça também estão na relação de candidatos. Gostaríamos que futuras pesquisas também relacionassem os nomes desses honrosos companheiros, que têm se colocado à disposição do PMDB para uma posterior escolha do nome definitivo."
Sebastião Melo, presidente do diretório municipal do PMDB (Porto Alegre, RS)

Nota da Redação - Diante de um quadro ainda indefinido das candidaturas e de uma limitação técnica do Datafolha, o jornal optou por realizar simulação com os nomes que tinham maiores possibilidades de vir a disputar a sucessão. Em um próximo levantamento, provavelmente outros nomes poderão figurar como prefeituráveis em alguma das diferentes simulações de voto.

Falta de concorrência
"Opinião isenta, de um torcedor do Piquet: tudo bem que o alemão é muito bom. Mas com certeza estaria na fila em 1994 e 1995 caso Ayrton Senna estivesse a bordo do Williams-Renault. Schumacher sabe que ganhou de um 'braço duro' chamado Damon Hill."
Márcio Marucci (São Paulo, SP)

Alarme
"Sobre a reportagem 'Não entre em roubada' (Revista da Folha, 20/8): na qualidade de importadora das 'travas de volante com alarme Rotary Lock-A' e representante legal do fabricante para toda América Latina, vimos expressar nosso descontentamento em relação a tal reportagem. O que inicialmente nos revolta é a apresentação da nossa trava completamente desmontada, quando ela é vendida e apresentada ao mercado devidamente montada pelo fabricante. O título 'Não entre em roubada' é de um significado um tanto complexo, todavia, lendo-se a reportagem com muita atenção, concluímos que ela nos atinge diretamente, com reflexos no mercado consumidor. Quem é o sr. Ricardo Aidar que, isoladamente, tem autoridade bastante para tecer comentários a respeito de determinado produto, que possivelmente não conhece em seus mínimos detalhes, como ficou demonstrado na reportagem?"
Chiang Cheng Ming, diretor da Imexla -Importação e Exportação Latino Americana Ltda. (São Paulo, SP)

Resposta da jornalista Cristina Zahar - O texto publicado não está ofensivo nem à empresa nem ao produto. Ele diz que a trava é "grande e pesada" e "fica como uma cruz acoplada ao volante, impedindo que seja girado", o que é absolutamente correto. Quanto ao fato de ter recebido a pior avaliação entre os quatro modelos testados, essa é a opinião do consumidor, e não da jornalista.

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