São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 1995
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Uma história parecida

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

A inesperada prisão na Coréia do Sul, agora que a caça aos governantes está em baixa, no mundo, fez o âncora Boris Casoy recordar o bordão, falar novamente em "passar o Brasil a limpo", no TJ.
Não faltou, nem poderia, uma dose amarga de ironia:
- Nós já ouvimos uma história parecida, não me lembro onde. A única diferença é que não deu, nem prisão, nem nada. Entre corruptos e corruptores, salvaram-se todos.
Na sequência, quase sem alterar o tom, o âncora noticiou que "a Prefeitura de São Paulo concluiu que a construtora Constecca não foi responsável pelo desabamento do teto da Biblioteca Mário de Andrade".
Um desabamento que, em outro horário, poderia matar dezenas de pessoas. No entender do âncora, com a decisão de ontem, só faltou culparem os funcionários da biblioteca, ou, ainda, os leitores.
Volta no tempo
Desde o início, o episódio da prisão de Diolinda, a mulher do líder dos trabalhadores sem terra, foi uma volta no tempo. Foi uma prisão política, como no passado, denunciou Lula.
Foi também uma prisão com passagens dramáticas, como a separação de mãe e filho e as algemas. Ontem, o fim da história não poderia ser diferente.
Quem levou a boa nova da libertação, segundo o SBT, foi d. Paulo Evaristo Arns, com o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh -os dois que tantas vezes fizeram o mesmo, durante o regime militar.
Segundo a CBN, "Diolinda chorou, abraçada a d. Paulo". O próprio cardeal falou no Jornal Bandeirantes sobre "um grande momento de alegria".
Era de fato uma cena de outros tempos.
Uma cena de que a Globo quase participou. No Jornal Nacional, Cid Moreira chamou uma cobertura ao vivo, em tom dramático, da frente da Casa de Detenção. Só que o alvará de libertação não chegou.
No vermelho
A promessa ficou para trás, esquecida.
Ontem, acabou de vez aquela história de que o Brasil, apesar dos déficits mensais, chegaria ao fim do ano com superávit na balança comercial.
"No ano, a conta vai fechar no vermelho", avisou o TJ.
E não, ninguém lembrou de ouvir o ministro.

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