São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 1995 |
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Equipe suíço-brasileira propõe nova tela plana
HELIO GUROVITZ
Em artigo publicado hoje na revista "Science", os pesquisadores descrevem como conseguiram fazer um material à base de carbono conduzir eletricidade de uma forma que pode ser aproveitada para o desenvolvimento de telas. O material usado é conhecido pelo nome técnico de nanotubos. São tubinhos ocos microscópicos de carbono, com diâmetro inferior a 15 bilionésimos de metro. Em maio, a mesma equipe descreveu na "Science" como arranjar esses tubinhos de forma paralela. "Eles ficam como num pacote de aspargos", disse à Folha Daniel Ugarte, 32, um dos autores do estudo publicado hoje. Ugarte, que é argentino, trabalha no Laboratório Nacional de Luz Síncroton, em Campinas (SP). Ele desenvolveu sua pesquisa com Walt de Heer e André Châtelain, ambos da Escola Politécnica Federal de Lausanne (Suíça). Os cientistas usaram os tubos arranjados de modo paralelo para montar um filme finíssimo (a espessura chega a no máximo um décimo de milímetro, comparável à de um fio de cabelo). Cada ponto desse filme é formado por um nanotubo. É como se houvesse um gramado de aspargos paralelos, e o comprimento de cada aspargo não chegasse à espessura de um fio de cabelo. A equipe conseguiu fazer corrente elétrica atravessar cada um desses nanotubos. A eletricidade poderia ser usada para acender "lâmpadas" minúsculas, como as de uma tela de computador. As vantagens da tela com nanotubos sobre as telas convencionais e planas conhecidas seriam várias, segundo Ugarte. Primeiro, ela seria plana e fina, dispensando o tubo que fica na parte de trás da maioria dos televisores e monitores de computador. Esse tubo é formado por um canhão que bombardeia a superfície da tela e gera uma imagem ligeiramente tremida. Segundo, ela seria visível de qualquer ângulo. Nisso, seria diferente das telas planas convencionais, à base de cristal líquido, que só podem ser observadas de um certo ângulo. Finalmente, diz Ugarte, uma tela à base de nanotubos pode ser obtida com tecnologia barata. Segundo ele, a técnica já foi patenteada e há empresas interessadas em desenvolver o produto. Mas, para a nova tela plana chegar ao consumidor, ele avalia que ainda serão necessários dez anos. Texto Anterior: Judeus atacam pesquisa arqueológica em Israel Próximo Texto: Substância revela câncer na próstata Índice |
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