São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 1995
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Decisão mostra descrédito, diz pai

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O comerciante Pedro Caringi, 65, disse ontem que a decisão do TJM (Tribunal de Justiça Militar) de reduzir a pena do PM que matou Adriana Caringi, sua filha, retrata o descrédito do TJM.
"Entrego minhas esperanças à Justiça divina. Esses homens destruíram minha vida e deveriam ter consciência disso." Pedro disse ter visto os três PMs executarem a assaltante Regiane Aparecida dos Santos no banheiro de sua casa.
A casa do comerciante foi invadida pelos PMs após o atirador Marco Antônio Furlan disparar no assaltante Gilberto Palhares, que mantinha Adriana como refém em uma janela. A bala atravessou Palhares e matou a professora.
O advogado Itagiba Cravo, 53, do Centro Santo Dias de Defesa dos Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo -e da família de Regiane-, classificou a decisão do TJM de "absurda".
Segundo ele, havia "abundância de provas" contra os PMs. Ele enumera o depoimento do comerciante, os laudos que atestaram não ter havido tiroteio no banheiro -a assaltante estaria desarmada- e a posição em que Regiane foi morta.
"Quando, por milagre, um PM é condenado pela primeira instância, a segunda instância muda a sentença e solta uma decisão sem qualquer respaldo nas provas do processo."
Ele também criticou a demora do TJM em julgar processos. "Atuo em um caso que teve a instrução (colheita de provas no processo) terminada em 1986 e que ainda não foi julgado."
Os três PMs acusados de matar a ladra alegaram nesse caso que agiram em legítima defesa e no cumprimento do dever. Eles afirmaram que Regiane estava armada.
(MG)

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