São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 1995 |
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Pelé abre a boca e acerta mais uma vez
BARBARA GANCIA
Por acaso o Pelé errou ao dizer que o brasileiro não sabia votar? E o Fernando Collor foi o quê? Um pequeno deslize cometido por 35 milhões de tapuias? E quando o atleta do século foi massacrado por ter dedicado seu milésimo gol "às criancinhas do Brasil"? Na época, me lembro bem, a imprensa disse que ele nunca havia feito nada pelas crianças e que, portanto, não podia dedicar o gol a elas. Ora, ora. Por acaso três Copas do Mundo e dois títulos mundiais pelo Santos F.C. são iguais a nada? O que mais as criancinhas poderiam querer de um craque da bola? Casa, comida e roupa lavada? Pelé está coberto de razão: negro não carrega mesmo a carga de corrupto. Se tivessem oportunidades iguais de chegar ao poder de que usufruem os brancos, certamente existiria a mesma parcela de corruptos brancos e negros. Mas, que eu saiba, os negros não estão no poder. Que eu saiba, não foram os negros que perpetraram nossas dívidas interna e externa. Não foram os negros que assassinaram o Banespa. Por acaso, foram os negros que criaram esse monte de impostos para atazanar o bolso do contribuinte? Não. Foram os negros que destruíram a saúde pública? Não. Alguém pode dizer que os negros são acusados de promover queimadas na Amazônia? Mais uma vez, não. Então, o Pelé está errado por quê? Eu digo porque: porque este país é ingrato com qualquer pessoa de sucesso. O Garrincha e o Arnaldo dos Mutantes que o digam. O brasileiro adora cair de ripa em cima de quem se dá bem. Somos um país de recalcados, de invejosos. Adoramos espezinhar nossas celebridades só para mostrar ao mundo que temos critério, que não somos dados à idolatria. Pois eu clamo por justiça! Pelé merece respeito. É o maior ídolo do país e tem direito a suas opiniões. Texto Anterior: 'Ele era um louco', diz irmã Próximo Texto: Rolando na areia; Refresco; Coitada da Marcia Forbes Índice |
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