São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 1995
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Urubu pode ter comido olhos de agricultor do RS

SILVIA QUEVEDO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

A polícia, que investiga o caso do agricultor encontrado sem olhos em Estância Velha (a 50 km de Porto Alegre), acredita na hipótese de que aves predadoras, provavelmente urubus, possam ter comido os globos oculares de Olívio Correa, 56.
Segundo o investigador da Delegacia de Polícia de Estância Velha, Jorge Aires, 43, o médico que constatou a falta dos olhos informou que eles foram retirados "por um instrumento cortante, que pode ser uma faca, um canivete ou até o bico de alguma ave."
Aires disse que há urubus no matagal em que o agricultor foi encontrado e que Correa, que continua dando depoimentos desencontrados, poderia mão ter sentido dor "por estar bêbado".
Ontem, o delegado responsável pela investigação, Luiz Fernando Nunes da Silva, checaria com especialistas a informação de que algumas aves predadoras conseguem "comer" os olhos de uma pessoa sem provocar lesões nas pálpebras.
Outro indício que reforça a tese é o fato de Correa ter sido encontrado próximo ao local em que foi visto pela última vez.
"Se fosse alguma pessoa que tivesse feito isso levaria o corpo para outro lugar, não se arriscaria a deixá-lo no local", disse Aires.
A polícia, no entanto, ainda não descarta a possibilidade de tráfico de órgãos. "A gente fica sabendo de pessoas que perderam algum órgão, mas não registram queixa por medo ou para não serem incomodadas, já que continuam vivendo", afirmou o investigador.
Os policiais esperam para hoje o laudo do Instituto Médico Legal sobre o caso. O investigador Aires acredita que ele não será definitivo, pois a perícia pode confirmar o tipo de ferimento, mas não dizer qual objeto removeu os olhos.
A busca por córneas, parte dos olhos aproveitada em transplantes, não provoca uma corrida intensa ou filas no Hospital Banco de Olhos, de Porto Alegre, segundo o diretor-administrativo Raul Vallandro, 34. "Há lista de espera, mas como esse tipo de transplante não põe em risco a vida, a procura não se compara a outros tipos de órgãos como o coração." diz.

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