São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 1995
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Compulsório vai financiar fusões

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo vai liberar recursos retidos compulsoriamente no Banco Central para fazer os empréstimos de socorro a bancos em processo de fusão e incorporação. A liberação de compulsórios depositados no BC é uma das maneiras de aumentar a quantidade de moeda em circulação, o que tende a pressionar a inflação para cima.
Em conversa com o deputado Ayrton Xerez (PSDB-RJ), o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, disse que o dinheiro para os empréstimos -inexistente no Orçamento do governo- sairá dos depósitos compulsórios dos bancos no BC.
Hoje há R$ 38 bilhões recolhidos dos bancos no BC. Tratam-se de recursos retirados da economia para controlar o consumo e a inflação. Parte desse dinheiro voltará a circular agora para o socorro dos bancos.
"Está fora de cogitação usar todo o volume dos compulsórios", disse Loyola ontem ao confirmar a fonte dos financiamentos às fusões de bancos. Segundo o presidente do BC, a regra será editada na próxima semana.
Os empréstimos para fusões e incorporações bancárias foram criados pela MP (medida provisória) editada na madrugada do último dia 4, sábado, que teve o objetivo de evitar novas quebras de bancos em dificuldades financeiras.
Falta definir ainda quais serão as taxas de juros cobradas nos empréstimos aos bancos. Sabe-se que serão abaixo das cobradas no mercado. "Serão taxas moderadas, não punitivas", disse Loyola.
O BC aceitará como garantias desses empréstimos títulos ou créditos de difícil recebimento contra o governo federal. Como os bancos possuem grande volume desses créditos, alguns dos empréstimos provavelmente não serão pagos -neste caso, a emissão de moeda terá que ser neutralizado pela venda de títulos públicos, aumentando a dívida interna.

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