São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 1995
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Fusão de Unibanco e Nacional é iminente

MILTON GAMEZ; SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O anúncio formal da esperada fusão do Nacional e do Unibanco, que deverá criar o maior banco privado do país, é iminente.
Até ontem à noite, essa era a expectativa de executivos de alto escalão do Nacional. O anúncio seria feito após o detalhamento da regulamentação do Proer pelo Banco Central, que teve parte editada ontem. Só está pendente ainda a definição das taxas de juros do programa.
Segundo a Folha apurou, as partes envolvidas acham que a oficialização do negócio às vésperas do fim de semana (e após o fechamento das agências) teria um efeito tranquilizador sobre os correntistas dos dois bancos, pois estes teriam dois dias para entender o significado da fusão.
O Unibanco poderia, inclusive, anunciar o negócio em horário nobre no domingo, quando estréia uma nova campanha publicitária na TV, com espaço já garantido.
Oficialmente, os dois bancos negaram a fusão. Nos bastidores, os executivos do Nacional apostavam que as chances de sair o anúncio eram de 80%.
Se as regras do programa de incentivo às fusões bancárias demorarem para sair, o negócio seria divulgado na semana que vem, no máximo.
As negociações estão em fase final, adiantou um executivo ligado ao Unibanco. A área jurídica da instituição já está analisando minuciosamente os contratos financeiros do Nacional, o que indica que o negócio desceu da esfera fechada dos principais acionistas para o nível de diretorias e gerências.
Os detalhes do novo banco, porém, continuam envoltos de mistério nos níveis executivos das duas instituições. Uma das especulações era de que a seguradora do Nacional continuaria operando de forma independente. A família Magalhães Pinto está negociando a venda de uma participação expressiva da empresa para uma companhia de seguros americana, a Etna.
A seguradora, que deve lucrar este ano R$ 100 milhões, valeria algo como R$ 1 bilhão, afirmou um executivo do Nacional.
Também há dúvidas se sairá uma fusão (resultando num novo banco) ou uma incorporação do Nacional pelo Unibanco.
A justificativa para a fusão é que haveria uma economia de gastos operacionais da ordem de R$ 100 milhões. Só com corte de gastos de tal magnitude é que os bancos continuariam competitivos no mercado nos próximos anos, sob um cenário de inflação baixa e juros decrescentes.
Na fusão, haveria um excedente de cerca de 100 agências dos dois bancos. Estas seriam compradas por bancos como o Citibank e o Banco de Boston, que querem ampliar suas operações no país e já têm o aval do BC para tanto.
Os dois bancos estrangeiros não confirmam o interesse nessas agências, mas não descartam.
Os funcionários das agências não seriam necessariamente demitidos. Quando o Nacional comprou 16 agências do Chase Manhattan Bank, há poucos anos, os funcionários foram mantidos, lembrou um diretor do Nacional.

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