São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 1995
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Brasil está perto da medalha olímpica

ANA PAULA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A classificação do vôlei feminino brasileiro para a Olimpíada foi merecida e esperada.
Nos últimos anos, o Brasil não tem ficado de fora de nenhuma final nos torneios de que participa. Isto dá a certeza de que estamos no caminho certo e que se aproxima o momento de ganharmos uma medalha olímpica.
É lógico que a disputa de uma Copa do Mundo é importante. Mas esta Copa, valendo vaga para os Jogos Olímpicos, acho que foi mais difícil, teve um peso maior.
Eu fiquei chateada de não poder estar lá, ajudando o time. Mas era uma coisa para a qual já estava me preparando desde abril, quando me contundi.
Durante todo o ano ouvi a opinião de médicos e especialistas. Sempre tive como resposta que deveria esperar um pouco mais, que ainda não estava totalmente recuperada.
Estive no Sul-Americano, mas conversei com o Bernardinho e concordamos que seria melhor que eu não participasse da Copa. Lógico que não foi uma decisão fácil, chorei muito.
Mas prefiro ficar quase um ano parada, como aconteceu em 95, a não disputar uma Olimpíada.
Tenho certeza de que em 96 poderei contribuir um pouco mais com a seleção.
Já estou me recuperando e vou disputar amanhã a final do Campeonato Paulista pelo meu clube, o Leite Moça.
O melhor é se recuperar aos poucos do que querer ter uma solução rápida.
É muito ruim ter que acompanhar os jogos pela televisão. Fica uma sensação de não poder contribuir.
No Grand Prix foi a mesma coisa. Na fase final, na China, acordava de madrugada para acompanhar o time. Agora, a história se repetiu.
No Sul-Americano, eu estava no banco, mas sentia a vibração do time, comemorava os pontos e tinha até a esperança de poder entrar e ajudar o time. Agora não, só restou torcer.
Mas tenho certeza de que estarei junto com a seleção no momento certo. E temos grande possibilidade de trazer uma medalha.
Brasil e Cuba estão num grupo seleto do qual poucos times fazem parte. Junto com EUA e Rússia, acho que são as seleções com maior chance de ganhar o ouro.
Acredito, porém, que nosso maior adversário na Olimpíada seremos nós mesmos. Não podemos nos acomodar.
O Brasil não pode chegar a Atlanta achando que tem, no mínimo, o segundo lugar assegurado.
Devemos esquecer qualquer estatística e até o fato de estarmos indo bem em todas as competições.
É lógico que não podemos esquecer do nosso potencial, mas acomodar, nunca.
A idéia agora é treinar cada vez mais, ter uma superação maior para chegarmos ao que acredito estar tão perto: o ouro olímpico. O primeiro brasileiro para esportes coletivos no feminino.

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