São Paulo, sábado, 18 de novembro de 1995
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Zéroual vence eleição na Argélia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O general Liamine Zéroual foi proclamado oficialmente vencedor das eleições presidenciais da Argélia. Segundo um comunicado do Ministério do Interior, o atual presidente obteve 61,34% dos votos.
O comparecimento às urnas, segundo o governo, foi de 74,92%. O partido de oposição FIS (Frente Islâmica de Salvação), que está na ilegalidade, disse em um comunicado emitido em Paris que menos de 37% do eleitorado votou.
A eleição foi realizada sob um forte esquema de segurança. A FIS pediu um boicote à votação, e extremistas islâmicos ameaçaram matar eleitores.
Cerca de 200 mil policiais e soldados do Exército garantiram que a eleição no país transcorresse sem incidentes.
Policiais uniformizados e à paisana e milhares de civis comemoraram a vitória de Zéroual com salvas de tiros e caravanas nas ruas da capital, Argel.
A TV estatal colocou no ar durante o dia imagens semelhantes em diversas partes do país.
Uma mulher que celebrava a vitória disse que ela e colegas de trabalho saíram às ruas por solicitação de seu superior. "Como posso comemorar? Meu filho de 26 anos foi morto no ano passado e deixou dois filhos pequenos. Eu tenho que fingir. Você entende, não?"
Um homem disse que as eleições parecem ter rompido uma tradição no mundo árabe.
"Apesar de tudo, é a primeira vez que em um país árabe que há quatro candidatos e o vencedor obtém uma porcentagem que é bem inferior a 99%", disse ele.
O candidato do partido islâmico Hamas, Mahfoud Nahnah, segundo colocado (veja quadro abaixo) contestou o resultado da eleição.
"Nós dormiremos bem, enquanto aqueles que trabalharam para fraudar e adulterar terão sua punição", disse em um encontro com simpatizantes.
Apesar do protesto, ele pediu que seus partidários permaneçam calmos e mantenham o compromisso com a paz.
O governo espera que o resultado e o alto índice de comparecimento às urnas dê legitimidade a Zéroual no confronto contra grupos radicais islâmicos. Ele foi conduzido ao poder pelos militares.
"As eleições foram uma vitória da soberania do povo e da verdadeira democracia em nosso país e uma lição aos seus inimigos dentro e fora da Argélia", afirmou o presidente Zéroual.
Desde a anulação, em janeiro de 1992, da eleição parlamentar supostamente vencida pela FIS, 50 mil pessoas morreram assassinadas e em atentados a bomba atribuídos a radicais.

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