São Paulo, sábado, 18 de novembro de 1995
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Financiamento de campanha; Emendas ao Orçamento; Negociação exaustiva; Vitrine artística; Exemplo próximo; Geraldo Ataliba

Financiamento de campanha
"A Folha nº 24.297, publicada em 11/10, caderno 2, pág. 10, divulgou nota sob título 'Quem financiou a disputa no DF' inserindo o meu nome no rol dos eleitos, com o valor da campanha no montante de R$ 159.600,00, indicando como 'principal financiador' Tatico Comércio de Alimentos. A nota indicando a frente diz que 'as quantias se referem às prestações de contas que os candidatos encaminharam ao Tribunal Regional Eleitoral'. Devo esclarecer, inicialmente, que o noticiarista laborou em lamentável equívoco, que tem me trazido transtornos e inúmeras interpelações de quantos contribuíram, espontânea e desinteressadamente, para o êxito de minha campanha eleitoral, ao indicar como fonte única dos colaboradores a empresa Tatico Comércio de Alimentos Ltda., excluindo outros colaboradores, inclusive a participação de recursos próprios, aliás, a maior importância declarada do montante gasto. Como leitor assíduo deste conceituado jornal, que aprendi a admirar e respeitar pela seriedade e credibilidade que transmite aos seus leitores, solicito à Folha que determine a publicação correta de todos os colaboradores de minha campanha, conforme relação anexa de prestação de contas junto ao TRE-DF, para conhecimento de terceiros, inclusive dos próprios doadores espontâneos, que não foram mencionados na referida reportagem. Muito estimaria, assim, se a Folha concedesse a este parlamentar a oportunidade de esclarecer o povo do Distrito Federal sobre esse lamentável equívoco publicando os termos desta correspondência em uma das edições da Folha ou divulgando, a título de retificação de nota, a realidade de minha prestação de contas junto ao TRE-DF, nos moldes da solicitação do parágrafo anterior e com base no documento anexado."
Benedito Domingos, deputado federal pelo PPB-DF (Brasília, DF)

Resposta do jornalista Olímpio Cruz Neto - A reportagem informa apenas qual o maior doador privado do deputado. Em nenhum momento se afirmou que a empresa Tatico Comércio de Alimentos Ltda. foi a única financiadora de sua campanha. Há na lista fornecida pelo parlamentar empresas que não constam da relação do TRE-DF.

Emendas ao Orçamento
"A respeito do editorial publicado no dia 11/11, sob o título 'Velhos maus hábitos', informo que jamais apresentei emendas ao Orçamento da União que viessem a implicar acréscimo de R$ 1,6 bilhão na proposta do Executivo. O que propus foi o remanejamento de verbas públicas nesse valor para o sistema de telefonias rural e convencional, quando o governo destinou mais de R$ 2 bilhões apenas para a telefonia celular. Contesto o relatório do Serviço de Processamento de Dados do Senado (Prodasen), que mistura remanejamento de verbas com investimentos e me coloca como campeão de emendas que geram 'acréscimo de receita'. Atendendo ao critério de contenção de gastos e despesas, as emendas de investimentos apresentadas por mim ao Orçamento somam apenas R$ 33 milhões, sendo que 70% desse valor é destinado à modernização do porto de Santos e o restante às obras de infra-estrutura e construção de casas populares na Baixada Santista."
Beto Mansur, deputado federal pelo PPB-SP (Brasília, DF)

Negociação exaustiva
"Como presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), sinto-me obrigado a responder carta do sr. Paulo Pereira da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, publicada neste painel em 14/11. A carta recebeu o título de 'Livre negociação'. Mas que livre negociação é essa a que se refere seu autor, usando como principal argumento a necessidade de obrigar 25 grupos patronais a conceder o mesmo percentual de aumento de salário? Por que não considerar as diferenças de cada um e a exposição à concorrência externa a que estão expostos? Por que se recusar a negociar até a exaustão, um dos princípios da democracia? Vivemos em um Estado de Direito cujas leis devem ser respeitadas. Uma delas garante a reposição salarial até a extinção do IPC-r, em junho passado, mesmo sem levar em conta que muitos setores industriais, incluindo o nosso, não têm instrumentos de repasse dos aumentos de custo. Mas lei é lei, e deve ser cumprida. O fato é que essa mesma lei proíbe a indexação e faculta a discussão sobre produtividade às partes envolvidas. Devemos ser coerentes. A opinião do sr. Paulinho sobre mim e sobre minhas atitudes deve ser desconsiderada. Eu, assim como ele, sou porta-voz de um grupo que tem vontade própria e adota como critérios o desejo da maioria. Jamais ameacei demitir 20 mil trabalhadores. Não sou dono das empresas que represento e nem tenho o poder que me foi atribuído. Faço projeções, baseadas em dados concretos. Foi exatamente o que fiz quando alguns jornalistas me perguntaram o que poderia acontecer se o Tribunal Regional do Trabalho atendesse a todas as reivindicações dos sindicatos ligados à Força Sindical. Tenho plena consciência do que representa um desemprego dessa magnitude. Quem parece não ter é o sr. Paulinho e seus companheiros de diretoria, mais preocupados com aumentos de salário do que com a manutenção do nível de emprego. Pior: se recusaram a ouvir nossos argumentos e partiram logo para a tutela do Judiciário, tutela condenada e rejeitada por eles no passado. Sábias são as palavras de Antoine de Saint-Exupéry, autor de 'O Pequeno Príncipe': 'Todo mundo nasce príncipe, alguns viram sapo no decorrer da vida'."
Paulo Roberto Rodrigues Butori, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (São Paulo, SP)

Vitrine artística
"Escrevo para solicitar um posicionamento mais efetivo com relação à reportagem publicada na seção 'A Cidade é Sua' no dia 13/11, sob o título 'Vitrine de sapatos incomoda arquiteta'. A vitrine se resume a uma foto de um negro nu segurando em uma das mãos um sapato (como se fosse seu pênis, que não existe na foto), no caso o objeto do desejo, ou melhor, da publicidade. Não esquecendo que o público-alvo é a mulher! E na outra mão uma bolsinha transparente contendo uma cueca (da minha grife) e recheada de camisinhas -em lembrança de que este sim é um acessório indispensável! Como podem notar, nada está ali gratuitamente e com certeza pessoas sensíveis percebem isso, tal é a quantidade de elogios que recebemos. Informo que a vitrine já foi retirada e acho que, estando o país como está, é deprimente a preocupação com algo tão insignificante."
Fernando Pires (São Paulo, SP)

Exemplo próximo
"Para estudar o comportamento do capital volátil, o deputado Félix Mendonça deveria ter escolhido o próprio Brasil, lugar onde o dinheiro do final do mês nem bem chega à conta do trabalhador e já há taxa de serviço bancário. Mas, como diz a lenda, cada povo tem o deputado que merece."
Marcio Ronaldo Fernandes (Santa Maria, RS)

Geraldo Ataliba
"Ao receber a notícia da morte de Geraldo Ataliba, lembrei-me logo de escrever alguma coisa sobre esse homem notável. Li na Folha o artigo de Osiris Lopes Filho, que disse com grande propriedade o que seria justo recordar de Ataliba. Foi uma perda irreparável, em momento em que o Brasil tanto precisa de homens íntegros, dedicados e competentes."
Adriano Murgel Branco (São Paulo, SP)

"Imitando a neta de Rabin, não vou falar do professor universitário, tributarista insigne, intelectual de primeira linha. Quero falar do Geraldo, melhor amigo de um dos meus irmãos, companheiro e testemunha de nossa adolescência. Na sua intensa trajetória, excessivamente generoso, o que mais usou foi o coração. Talvez por isso este o tenha matado -uso abusivo."
José Eduardo Bandeira de Mello (São Paulo, SP)

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