São Paulo, domingo, 19 de novembro de 1995
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Juros e déficit público são desafios para 96

VIVALDO DE SOUSA
LILIANA LAVORATTI

VIVALDO DE SOUSA; LILIANA LAVORATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A equipe econômica vai iniciar 1996 com quatro desafios para consolidar o plano de estabilização: equilíbrio das contas públicas, redução dos juros, geração de empregos e aprovação no Congresso das reformas tributária, previdenciária e administrativa.
O Plano Real chega ao final de 1995 com um saldo positivo em relação aos planos anteriores. A inflação mensal está abaixo de 2% e as reservas cambiais somam aproximadamente US$ 50 bilhões, mas o ajuste das contas públicas ainda não foi feito.
As contas do setor público -que incluem União, Estados e municípios- vão fechar fechar o ano com déficit. Os principais motivos são o aumento das despesas com pessoal nas três esferas e a crise na dívida dos Estados. O déficit deve girar em torno de 3% do PIB (Produto Interno Bruto) de 95.
As despesas da União com o pagamento de pessoal cresceram 15% de janeiro a outubro deste ano, quando comparadas com o mesmo período de 1994. O déficit de caixa (receita menos despesas) do Tesouro Nacional até outubro deste ano foi de R$ 2,6 bilhões e pode superar R$ 3 bilhões até o final de dezembro.
A situação dos Estados, quase todos com dificuldades para pagamento de pessoal, também não é das melhores. Por isso, o governo federal já fez empréstimos de emergência e está concluindo um programa de ajuda que prevê refinanciamento das dívidas para quem se comprometer a reduzir suas despesas.
Uma solução para as dívidas dos Estados e municípios é considerada fundamental pelo governo para garantir o ajuste das contas públicas em 1996. Os dois cenários para o próximo ano afastam uma piora em relação a 1995.
"O governo andou bem nas reformas constitucionais, mas não avançou um milímetro nos fundamentos fiscais do Plano Real", afirma o chefe do Departamento Econômico da CNI (Confederação Nacional da Indústria), economista José Guilherme Reis.
O deputado e economista Antônio Kandir (PSDB-SP) acha que o déficit operacional de 3% do PIB é "perfeitamente financiável".
Kandir acha que em 1996 é possível reduzir esse déficit para 1,5% do PIB. Mas para isso é fundamental o corte nos juros, diz.
"O déficit público é um ponto negativo, mas o governo está na direção certa", diz Clarice Pechman, diretora da Anecc (Associação Nacional das Empresas Corretoras de Câmbio). Ela afirma que hoje a situação da balança comercial, que teve superávit de US$ 334 milhões em outubro, é boa.

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