São Paulo, segunda-feira, 20 de novembro de 1995
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Alemanha quer aumentar os investimentos no Brasil

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

A Febral'95 (Feira Brasil-Alemanha de Tecnologia para o Mercosul) representa um novo capítulo da política alemã para o Brasil.
A afirmação é de Günter Rexrodt, ministro de Economia da República Federal da Alemanha em entrevista exclusiva à Folha.
O ministro Rexrodt chega amanhã ao Brasil, integrando a comitiva da visita oficial do presidente da Alemanha, Roman Herzog.
Herzog e Rexrodt serão recebidos às 11h20 pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, em Brasília.
Na entrevista, Rexrodt disse que o ponto alto da visita alemã será a Febral'95, de 27 deste mês a 3 de dezembro, no Expo-Center Norte, em São Paulo.
A Febral'95 é promovida pelo Ministério de Economia da República Federal da Alemanha em cooperação com a Comissão de Feiras e Exposições da Economia Alemã. Com investimentos de US$ 85 milhões, a Febral reunirá 334 expositores da Alemanha e do Brasil.
A exposição será inaugurada às 10h30 do dia 27 pelos presidentes Fernando Henrique Cardoso e Roman Herzog. "O governo alemão decidiu realizar a feira de tecnologia no Brasil porque não temos dúvida de que o Brasil retornou definitivamente ao cenário da economia mundial", afirmou.
Acompanhado de 40 empresários alemães, Rexrodt visitará Brasília, Belo Horizonte, Rio e São Paulo com o objetivo de identificar possibilidades de novos investimentos alemães no Brasil.
Amanhã, ele tem reunião com o ministro Pedro Malan (Fazenda) e com a ministra Dorothea Werneck (Indústria, Comércio e Turismo), em Brasília.
"Durante esses encontros, espero tratar de questões específicas visando o aumento da nossa cooperação econômica. Acima de tudo, entretanto, queremos identificar possibilidades de investimentos e negócios para a indústria alemã no Brasil."
A seguir, os principais trechos da entrevista obtida por fax na última quinta-feira.
Folha - Qual é o objetivo de sua visita ao Brasil?
Gnter Rexrodt - Estarei acompanhando a visita oficial do presidente da República Federal da Alemanha, Roman Herzog, ao país. Me acompanha uma delegação de 40 empresários alemães, tendo à frente o presidente da Federação das Indústrias da Alemanha, Hans-Olaf Henkel.
Terei um encontro com o presidente Fernando Henrique Cardoso e com os ministros da Fazenda, Pedro Malan, das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampréia, e da Indústria, Comércio e Turismo, Dorothea Werneck.
Durante esses encontros, espero tratar de questões específicas visando o aumento da nossa cooperação econômica. Acima de tudo, entretanto, queremos identificar possibilidades de negócios para a indústria alemã no Brasil.
Em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, Henkel, a delegação de empresários e eu vamos nos informar sobre a situação dos negócios brasileiros. O ponto alto da viagem será a Febral'95, a exposição de tecnologia teuto-brasileira para o Mercosul, de 27 deste mês a 3 de dezembro, em São Paulo.
Folha - Por que o Brasil foi escolhido para ser a sede de uma grande exposição de tecnologia alemã no exterior?
Rexrodt - Os interesses da indústria alemã são tão amplos que ela não pode ter relações em uma das regiões do mundo sem estar ativa também em outras regiões ao mesmo tempo. As empresas alemãs estão sinalizando isso por meio de suas atividades globais.
As atividades dentro do contexto da iniciativa para a América Latina devem ser vistas como uma nova estratégia para estimular as relações econômicas com a América Latina. O principal objetivo é focar a atenção no crescimento dos mercados latino-americanos. A Febral é o ponto alto dessas atividades.
A Febral está sendo realizada no Brasil porque não temos dúvida de que o país retornou definitivamente ao cenário da economia mundial. Com a melhoria da economia brasileira e os investimentos anunciados nos países do Mercosul, a indústria de bens de capital da Alemanha tem agora novamente a oportunidade de se apresentar de uma maneira mais ampla no Mercosul. A Febral representa um novo capítulo da política da Alemanha para o Brasil.
Folha - Como o governo alemão pode ajudar a indústria alemã a transferir alta tecnologia para o Brasil?
Rexrodt - O governo alemão está fortemente interessado em desenvolver mais nossas relações com o Brasil. Em 95, tomamos três iniciativas para promover relações econômicas externas: o lançamento, pelo governo, da estratégia para a América Latina, a bem-sucedida Conferência Latino-Americana sobre a Indústria da Alemanha, em Buenos Aires, com os países do Mercosul, e agora a Febral.
Além disso, as seguintes iniciativas têm o objetivo de aumentar a participação de empresas alemãs no Brasil: mais liberalização de comércio e investimentos, o envio ao Brasil de missões comerciais, novas conferências na América Latina, a melhoria e o aumento dos serviços das câmaras alemãs de comércio, uma política ativa de feiras de negócios, como no caso da Febral, a adaptação de seguros de créditos de exportação, a continuação da tendência positiva de comércio, a promoção de investimento direto e maior cooperação política.
Folha - A Alemanha está em segundo lugar, atrás dos EUA, na lista dos países que mais investem no Brasil. Mas o fluxo anual dos investimentos tem sido modesto nos últimos anos. Quais as perspectivas para novos investimentos no Brasil?
Rexrodt - A confiança das empresas alemãs na economia brasileira é refletida pelo investimento direto. O volume de investimentos diretos e indiretos alemães no Brasil alcançava US$ 7,57 bilhões ao final de 1993; na América Latina, na mesma data, o total era de US$ 12,78 bilhões.
A introdução bem-sucedida da reforma constitucional pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, com a abertura do país para o mundo exterior, e as várias iniciativas tomadas pelo governo alemão para fortalecer as relações econômicas com o Brasil, vão dar impulsos para mais comércio.

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