São Paulo, segunda-feira, 20 de novembro de 1995
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Futebol brasileiro já foi para o saco

Atrocidade assusta no Brasileiro
MARCELO FROMER e NANDO REIS

MARCELO FROMER; NANDO REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Primeiramente, gostaríamos de reforçar a idéia de que não concordamos com a inclusão desta nova regra que pune com um tiro livre direto na entrada da área o time que passar do limite de 11 ou 12 faltas.
Mas isso em hipótese alguma quer dizer que não estamos preocupados com o abuso de faltas. Talvez um limite de faltas para cada jogador fosse uma solução. Caso ele ultrapassasse esse limite, seria eliminado da partida. E insistimos: com juízes mais rigorosos, poderemos melhorar nesse aspecto.
E, por falar em juízes, este campeonato tem servido para que chegássemos a uma triste conclusão: além de péssimos árbitros, temos alguns homens de preto mal intencionados.
Pensávamos que fosse tudo fruto do mau preparo físico e técnico e da falta do simples cumprimento das regras. Mas não. Há uma porção deles movidos a não sabemos exatamente o que (mas desconfiamos), atendendo a interesses escusos, privilegiando ou prejudicando equipes de maneira clara.
É, este campeonato decididamente tem mais chamado atenção por suas atrocidades do que pela plástica. Tivemos já três casos semelhantes envolvendo jogadores e órgãos genitais.
Foram casos que variaram desde a agressão brutal e estúpida até o carinho mais singelo, puro e assustador que poderíamos imaginar que ingressaria no universo do futebol, mais especificamente da bola.
Vejamos: no primeiro caso, o do jogador do Vasco, o tal de Nélson simplesmente esmagou os testículos de seu companheiro de profissão, depois de uma acirrada disputa perto da grande área. Foi julgado e suspenso com razão.
O segundo episódio de apalpação ocorreu quando o bom de bola Aílton, depois de uma explosão de alegria gerada por mais um gol, em pleno êxtase, não mais sabendo como conter-se, deu uma patolada em Rogerinho. As imagens foram captadas pela TV com nitidez constrangedora.
Mas, até aí, cada um está livre para apertar o que bem entender, e despidos de qualquer preconceito, não podemos recriminar a atitude, apesar do grau de ineditismo e estranheza que ela apresenta.
Já o terceiro caso envolve o rebeldinho Edmundo, que, desaforado como um menino de escola, fez obscenidades para a torcida adversária, num gesto bobo e de pouca importância, que o levou a uma suspensão abrandada pelo fato de estar com o dedo do pé quebrado e poder cumpri-la em descanso.
Não estranhe se, daqui a pouco, em um domingo qualquer em que a alegria atingir seu ponto máximo nas programações esportivas da noite, a TV Bandeirantes, por força das circunstâncias, tenha que apresentar melancolicamente, no seu fim de noite, o Apinto Final. Enquanto não, vamos nos deliciando com o glorioso e genial Apito Final sob a batuta de Luciano e seus incríveis comentaristas.

MARCELO FROMER E NANDO REIS são integrantes da banda Titãs

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