São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 1995
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Ex-secretário nega uso do programa

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

O engenheiro Antônio Tidei de Lima (PMDB), prefeito de Bauru (345 km a noroeste de SP), foi o responsável pelo início do "Programa de Armazéns Comunitários", em 1987.
Na época, ele era secretário estadual da Agricultura do governo Quércia e até hoje defende a iniciativa.
O programa é acusado de ter um objetivo de favorecimento político. O prefeito de Balbinos, José Márcio Rigotto (PMDB), disse que a cidade só ganhou um armazém agrícola por causa da amizade do seu pai, o ex-prefeito Arcírio Rigotto (PMDB), com o então governador Orestes Quércia e com Tidei de Lima. Balbinos nunca produziu grãos.
Critério técnico
Tidei de Lima nega que o programa visava distribuir armazéns aos aliados políticos do governador e disse que deixou o cargo de secretário antes de o programa ser concluído.
"Os critérios eram técnicos e procuramos atender às cidades que reclamavam falta de locais para armazenar suas safras de grãos", declarou.
Segundo ele, as prefeituras tinham de preencher requisitos exigidos pela secretaria para receber um armazém. "Um desses requisitos era ter produção agrícola.
Na época, os prefeitos reivindicaram os armazéns alegando que não tinham onde estocar as safras. É claro que podem ter ocorrido distorções", disse.
O ex-secretário afirmou que o programa pretendia construir 250 armazéns comunitários em todo o Estado. Ele autorizou 142 obras em convênios com as prefeituras.
Recursos do Tesouro
Tidei de Lima disse que o programa foi "inteiramente financiado com recursos do tesouro estadual".
"O Estado financiava 60% do custo e a prefeitura entrava com os outros 40%, representados por terrenos, mão-de-obra e alguns materiais", afirmou.
Ele disse que não recorda quanto o governo paulista investiu no programa.
Tidei de Lima afirmou que após sua saída da Secretaria da Agricultura, em 1989, não acompanhou mais a continuação do programa.
"Sabemos que os armazéns tiveram sua finalidade desviada e muitos sequer são usados. É lamentável que isso tenha ocorrido com um programa de grande alcance sócio-econômico", declarou.
(LM)

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