São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Estudo traça história da relação Brasil-África
FERNANDO ROSSETTI
O Brasil é hoje um dos poucos países do mundo que vende mais produtos do que compra da África do Sul. Também é bem visto como parceiro comercial em outros Estados do sul da África. "Muito provavelmente, os países da África Austral apoiarão o pedido do Brasil para ser membro do Conselho de Segurança da ONU", afirma Paulo César Manduca, 30, que defendeu a dissertação de mestrado 'Às Relações Brasil-África do Sul", na Unicamp. Histórico A tese traça um histórico das relações diplomáticas e comerciais não apenas do Brasil com a África do Sul, mas com todos os países da região. Mostra que no início da década de 70 as relações comerciais com a África do Sul vinham "crescendo de forma vertiginosa" -em 1972 exportou US$ 28 milhões em produtos e importou US$ 6 milhões e, em 74, exportou US$ 45 milhões e importou US$ 28 milhões. Só que, neste ano de 1974, acontece uma reviravolta na região, com a queda do salazarismo em Portugal e a independência de suas ex-colônias Moçambique e Angola. Pouco depois (1976), começavam os grandes levantes e os boicotes internacionais contra a política do apartheid na África do Sul -que separava brancos e negros. Ao mesmo tempo em que o Brasil foi um dos primeiros a reconhecerem a independência das ex-colônias portuguesas, o país manteve uma relação comercial significativa com a África do Sul -que entrara em guerra com os regimes comunistas dessas ex-colônias. A ambiguidade, neste caso, é que, no Brasil, havia um governo militar anti-comunista, mas na África, este mesmo governo apoiava, via Itamaraty, regimes comunistas. As importações para a África do Sul chegam a decrescer para US$ 27 milhões em 1977; as exportações, no entanto, não cessaram de crescer -chegando a US$ 198 milhões em 1980. Nesta época, o Brasil já era o mais importante parceiro comercial na região após a Europa e EUA. 'À África do Sul é a principal produtora de algumas matérias primas da qual o mundo todo depende, como o manganês", explica Manduca. Segundo ele, 'à atual pacificação da África Austral, com os acordos de paz em Angola e Moçambique, a independência da Namíbia e o fim do apartheid apontam para uma nova fase no desenvolvimento da região, uma das mais ricas do Continente, onde o Brasil quer marcar presença". (FR) Texto Anterior: Crianças com Aids serão tratadas com novo remédio Próximo Texto: USP inaugura 'salas de aula do futuro' Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |