São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 1995
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Brasília faz marcha contra discriminação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem em Brasília -depois de participar em Alagoas das comemorações do tricentenário da morte de Zumbi- que o Brasil "tem uma pesada herança escravocrata de uma cultura que dissimula a discriminação em certas formas aparentes de cordialidade".
Ele recebeu cerca de 30 representantes de entidades ligadas ao movimento negro que organizaram ontem em Brasília a Marcha contra o Racismo, pela Igualdade e a Vida. A manifestação reuniu cerca de 4.000 pessoas entre às 12h e 13h, de acordo com a PM.
Entre os organizadores do evento não havia um consenso sobre os participantes. O primeiro carro de som anunciava estarem presentes 50 mil pessoas. A 500 m de distância, outro carro dizia 20 mil.
As comemorações começaram às 10h, com uma caminhada de 2 km da rodoviária ao Congresso Nacional. Não houve acidentes ou brigas. Os participantes ficaram concentrados em frente à rampa do Congresso, onde foi montado um palanque para shows. Às 20h30, começou o show com Milton Nascimento e o conjunto Olodum.
Decreto
FHC assinou um decreto que institui um grupo interministerial de trabalho para discutir políticas públicas para valorização da população negra. Essa era uma reivindicação de entidades que representam a comunidade negra no Brasil.
Ele recebeu de um dos representantes da marcha, Edson Cardoso, um documento em que as entidades pedem medidas concretas contra a exclusão social dos negros, como incentivos fiscais a empresas promovam a igualdade racial.
Participaram da cerimônia no Palácio do Planalto a senadora Benedita da Silva (PT-RJ) e o presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho. Fernando Henrique relacionou a questão racial à pobreza no Brasil. "É preciso dar oportunidades mais igualitárias aos mais pobres. Entre os mais pobres sempre estão as populações negras".

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