São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 1995
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'Abaporu' é vendido em NY por US$ 1,3 mi

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

O "Abaporu", tela a óleo da brasileira Tarsila do Amaral (1886-1973), foi vendido ontem à noite por US$ 1,3 milhão, na Christie's, casa de leilões de Nova York (EUA).
O comprador foi o colecionador argentino Eduardo Constantini, dono de uma coleção particular com cem obras latino-americanas. Ele é considerado um dos maiores da área.
"Estava disposto a pagar até US$ 1,5 milhão", disse ele.
O quadro será levado para Buenos Aires (Argentina), mas o objetivo de Constantini é montar uma exposição itinerante, que seja mostrada inclusive no Brasil.
Ele afirmou que "foi bom para o Brasil" que ele fosse o comprador, porque pretende mostrar a obra aos brasileiros e a todo o mundo.
O quadro foi o que obteve maior lance na noite, exclusivamente dedicada a pinturas de latino-americanos. A segunda obra mais valiosa foi um quadro de Diogo Rivera, vendido por US$ 700 mil.
Momentos antes da venda, o ex-proprietário, o colecionador brasileiro Raul Forbes, disse à Folha que torcia para que o quadro permanecesse no Brasil.
Ele afirmou que só levou a obra para os EUA porque "precisava de dinheiro". Forbes comprou o quadro em 84, por US$ 250 mil.
A maior parte do público do leilão era de brasileiros. Até o porteiro falava português.
Esse foi o maior valor já pago por um quadro brasileiro em toda a história da Christie's.
Entre as obras latino-americanas, o "Abaporu" ficou em segundo lugar entre as mais caras já leiloadas. A primeira foi "América", do pintor mexicano Rufino Tamayo, adquirido em maio de 1993 por US$ 2.587.500.
O "Abaporu" esteve envolvido em polêmica nas últimas semanas. O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Estado de São Paulo se recusou a liberar documentos para que o quadro saísse do Brasil, porque queria tombá-lo.
O quadro foi feito em 1928 por Tarsila para presentear seu marido, o escritor Oswald Andrade.
A obra foi descrito pela pintora como uma "figura monstruosa solitária, de pés enormes, sentada nu planície verde, com o cotovelo apoiado no joelho e a mão segurando a cabeça minúscula."

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