São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 1995
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Ex-comunista é eleito presidente da Polônia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O ex-comunista Aleksander Kwasniewski, 41, foi eleito o novo presidente da Polônia. Ele derrotou o atual presidente, Lech Walesa, que liderou a democratização no país em 1989.
Segundo resultados oficiais divulgados na tarde de ontem, Kwasniewski venceu a eleição com 51,72% dos votos, contra 48,28% de Walesa. O comparecimento às urnas foi de 68,23%.
Aleksander Kwasniewski (pronuncia-se "alecsánder qvasniévsqui"), que se diz hoje um social-democrata, prometeu fazer um governo de reconciliação.
"A nossa tarefa só poderá ser executada se trabalharmos todos juntos." Sua posse está prevista para o dia 22 de dezembro.
Lech Walesa (pronuncia-se "léc vauênsa"), 52, tornou-se um símbolo da resistência ao comunismo a partir de 1980, quando criou o primeiro sindicato livre em regimes comunistas, o Solidariedade.
Eletricista, Walesa ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1983, ajudou a derrubar os comunistas em 1989 e foi eleito presidente em 1990.
Ontem ele admitiu ter perdido a eleição, mas prometeu que não vai deixar a política. "Ser derrotado e não se render: isso é a vitória. Ganhar e se apoiar nos créditos pessoais: isso é a derrota."
Logo depois de anunciada a derrota de Walesa, os ministros da Defesa, do Interior e das Relações Exteriores, designados por ele, apresentaram sua renúncia.
Os conflitos constantes entre Walesa e o Parlamento podem ter ajudado em sua derrota. A alta taxa de desemprego (15%) e a pobreza (12,5% dos poloneses são considerados pobres) também influenciaram o resultado.
O partido de Kwasniewski, a Aliança Democrática de Esquerda, já tinha conquistado a maioria parlamentar e formado o gabinete do premiê Jozef Olesky em 1993.
O papa João Paulo 2º ficou decepcionado com a derrota de Walesa, segundo membros do Vaticano. Não houve comentário oficial.
O premiê russo, Viktor Tchernomirdin, deu boas-vindas à vitória de Kwasniewski. O líder dos comunistas russos, Gennadi Ziuganov, disse que o resultado representa uma tendência à "esquerdização" no Leste Europeu.
Kwasniewski propunha maiores ligações com a Rússia e o rompimento de ligações entre o Estado e a Igreja Católica, forte no país.

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