São Paulo, quinta-feira, 23 de novembro de 1995
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Record mostra despedida de Curtiz

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Michael Curtiz é uma lenda. Ele foi o homem de confiança da Warner na era clássica. Foi ele que dirigiu "Casablanca".
Era, também, o húngaro brutal que xingava ninguém menos do que Bette Davis -a estrela da companhia- com todos os palavrões ao alcance. E, pior, conseguiu com isso ser um diretor admirado pela atriz.
Mas qual o lugar de Curtiz no cinema? Em sua recente revisão do cinema americano -na série que a Manchete está exibindo aos domingos-, Martin Scorsese classifica Curtiz como um típico diretor de estúdio.
Isto é, não propriamente um autor, mas um executor impecável da política estabelecida pelos chefes de estúdio. Curtiz foi o correspondente, para a Warner, de Clarence Brown para a Metro ou Henry King para a Fox.
Como a política da Warner, estabelecida por Darryl Zanuck, revelou-se com o tempo uma das mais eficazes, o nome de Curtiz ficou associado não só a "Casablanca" como a uma série de trabalhos memoráveis (com "Robin Hood", versão de 1938, à frente).
Mas, vendo uma série de filmes seus em sequência, sente-se que Curtiz tem a dar menos uma obra completa que momentos notáveis.
É um desses momentos que a Record exibe hoje às 13h45: "Os Comancheros". É seu último filme, um faroeste cheio de cor e força, em que John Wayne faz um patrulheiro que traz um criminoso.
Mas, no caminho, o conflito se transforma inteiramente, quando os dois homens topam com os "comancheros" do título.
É com esses traficantes, que comerciavam com os índios e não se notabilizavam pela lisura ou pela delicadeza de trato, que se travará o combate. Este é um terreno em que Curtiz se dava bem: o da ambiguidade.
(IA)

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