São Paulo, sábado, 25 de novembro de 1995
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Pedida auditoria nas contas de irmão de Fleury

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Emmanuel Burle Filho, pediu ontem a quebra do sigilo bancário de Frederico Pinto Ferreira Coelho Neto, o Lilico, irmão do ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho.
Lilico, que foi secretário de Governo de Fleury, é acusado de ter enriquecido ilicitamente no período em que ocupou cargo público.
Burle também determinou que a Receita Federal realize auditoria nas declarações de renda de Lilico e de sua mulher apresentadas nos últimos cinco anos.
A representação contra irmão de Fleury foi apresentada pelos deputados estaduais Jamil Murad e Nivaldo Santana (PC do B) e Dráusio Barreto (PSDB).
Os deputados se basearam no fato de Lilico ter se tornado sócio do "Park Shopping", conhecido como "Shopping D", depois de ter deixado o governo.
O investimento não seria compatível com seus rendimentos. O ex-secretário sustenta que não entrou com dinheiro na sociedade.
Burle determinou à Junta Comercial que encaminhe ao Ministério Público cópias do contrato social do "Park Shopping". Os documentos poderão indicar se a Cesp adquiriu ações da empresa.
A auditoria da Receita vai verificar se o ex-secretário teve crescimento patrimonial injustificado.
Lilico declarou por meio da sua assessoria que está "tranquilo e que teria fornecido todas as informações se tivesse sido procurado. Disse que não é sócio do imóvel e participa apenas da administração do empreendimento.
Burle também conclui investigação que aponta Fleury como responsável por dano ao patrimônio público durante sua gestão na Secretaria da Segurança Pública.
Segundo Burle, Fleury autorizou a contratação, sem licitação, da empresa Teor Engenharia para reforma do prédio da Academia de Polícia de São Paulo.
Atrasos na execução da obra teriam aumentado seus custos em 2.000%. Além disso, a demora, de cerca de 600 dias, teria derrubado o argumento de urgência que levou à dispensa de licitação.
A investigação sobre Fleury foi encaminhada por Burle à Promotoria de Justiça da Cidadania, que deverá decidir se inicia ação civil pública contra o ex-governador.
A assessoria de Fleury disse que o ex-governador vê a decisão de Burle como uma jogada eleitoral.
Em janeiro será escolhido o novo procurador-geral, e Burle teria interesse em se distanciar de Fleury, por quem foi nomeado.
O ex-governador acrescentou que há representações contra o governador Mário Covas que não teriam sido investigadas por Burle.

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