São Paulo, sábado, 25 de novembro de 1995
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Prevenção é tratada como investimento

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cada US$ 1 investido hoje na prevenção à Aids renderá, num futuro próximo, US$ 36 em economia de tratamentos. Trata-se da mais rentável de todas as aplicações disponíveis no mercado.
No entanto, o "negócio" da prevenção da Aids no Brasil ainda seduz poucos "investidores". Para atraí-los, o Ministério da Saúde promoveu na quinta-feira em São Paulo um fórum nacional tratando da "prevenção e controle da Aids no local de trabalho".
Cerca de 200 representantes de empresas participaram do encontro. A linguagem foi a dos negócios. "A prevenção é um investimento inteligente e humanitário no futuro", diz um vídeo apresentado pelo jornalista Boris Casoy.
O vídeo lembra que as empresas preocupadas com a qualidade total estão implantando programas de promoção da saúde. "Boa saúde dos profissionais, igual boa saúde dos negócios", diz o apresentador.
Os números apresentados mostram que a Aids pode provocar grandes estragos na economia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o país perderá cerca de US$ 2,7 bilhões por ano quando portadores do vírus ficarem impossibilitados de trabalhar.
Para chegar a esses números, considerou-se uma população economicamente ativa de 76 milhões de pessoas e um produto médio per capita anual de US$ 5.920.
Se a epidemia atingir 0,6% dessa população -ou 456 mil pessoas- as perdas chegarão perto dos US$ 3 bilhões anuais.
Não estão contabilizados os custos sociais nem os gastos diretos com tratamento. No Brasil, estima-se que cada doente de Aids custe ao Estado US$ 15.670 nos seis meses em média que sobrevive à doença.
Estima-se que a prevenção custaria 36 vezes menos. Organismos internacionais calculam que 1 milhão de camisinhas evitariam mais de 200 casos de Aids.
O vídeo dirigido aos empresários lembra que a combinação entre pobreza, baixa escolaridade e desinformação forma o caldo ideal para o crescimento da Aids. As vítimas são jovens: 80% têm entre 19 e 49 anos.
"Eles estavam na fase mais produtivas de suas vidas", diz Lair Guerra de Macedo, coordenadora do programa de Aids do ministério. Um segundo vídeo produzido pelo ministério é endereçado aos trabalhadores.
No encontro de São Paulo, várias empresas apresentaram seus programas de prevenção -como a Villares, Banco do Brasil, Xerox, Volkswagen.
O programa da Xerox foi criado em 1993, quando surgiu na empresa o primeiro caso da doença. Hoje, há um programa de prevenção on-line (via computador) acessível a 4.300 dos 5.300 funcionários.
A Xerox, como as outras empresas que falaram de seus programas, disse garantir tratamento e medicação aos funcionários e dependentes doentes.

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