São Paulo, sábado, 25 de novembro de 1995
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Funcionalismo faz greve geral na França

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

A greve geral do funcionalismo parou ontem cerca de 90% do transporte público, além de cerca de 40% da administração pública direta da França. Manifestações de rua reuniram 250 mil pessoas nas maiores cidades do país.
Duas das três maiores centrais sindicais, a Força Operária e a Confederação Geral do Trabalho, convocaram para a próxima terça-feira uma greve geral do setor público e privado.
Os funcionários públicos protestam contra o plano de reforma da Seguridade Social proposto pelo primeiro-ministro Alain Juppé (conservador). O governo quer diminuir um déficit anual de US$ de 12,7 bilhões.
O protesto foi dirigido especialmente contra a intenção de aumentar de 37 anos e meio para 40 o tempo de contribuição para a obtenção do salário integral na aposentadoria. No setor privado, o tempo de contribuição já está gradativamente elevado para 40 anos.
O governo disse ontem que os projetos e decretos da reforma começam a chegar no Parlamento no começo de dezembro. Algumas delas podem entrar em vigor antes do final do ano. O governo tem ampla maioria na Assembléia Nacional (câmara dos deputados).
Para diminuir o déficit da Seguridade Social, Juppé vai aumentar taxas sociais e criar um imposto para a dívida da seguridade.
Também estão previstos o congelamento do valor dos benefícios, a limitação dos gastos em saúde reembolsados pela seguridade social e o aumento do período de contribuição da aposentadoria para o funcionalismo. A seguridade social francesa gasta o equivalente a 70% do PIB brasileiro.
A greve de ontem foi a segunda do funcionalismo em menos de dois meses. No dia 10 de outubro, com uma adesão um pouco maior na administração direta, os funcionários protestaram contra o congelamento de seus salários em 1996.
A política de redução de gastos públicos francês é determinada pelo plano de integração européia.
Em 1997, os países que desejam adotar a moeda única européia têm de apresentar um balanço de contas e inflação nos níveis definidos pelo Tratado de Maastricht (de unificação da Europa em 1999).
O controle de gastos afeta também o ensino. Esta semana, cerca de 25 mil estudantes fizeram em Paris uma manifestação por mais verbas. Cerca de 20% das universidades estão em greve. Em duas delas, estudantes sequestraram o reitor ou os enviados do governo nas negociações. Semana que vem, os protestos vão continuar.
As manifestações sociais ocorrem em um período em que os institutos europeus de economia prevêem taxas menores do que as previstas de crescimento econômico para todos os países da Europa.
Segundo os institutos, a flutuação das moedas européias e do dólar, causada por especuladores, teria afetado a atividade econômica.

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