São Paulo, domingo, 26 de novembro de 1995
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Senado dribla lei e compra carros novos

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A proposta de modernização do Senado Federal está longe de ser cumprida. Os senadores resistem ao fim de mordomias e decidiram comprar 81 carros novos.
A Comissão Diretora do Senado decidiu renovar toda a frota de carros em reunião realizada no dia 9 de novembro. A Casa realiza uma primeira licitação para compra de 35 carros oficiais (Vectra, Tempra ou Santana).
O Senado encontrou uma fórmula para burlar a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), que proíbe a compra de carros de representação. Vai comprar "carros de serviço - tipo especial" e deixá-los à disposição dos senadores.
A Comissão Diretora alegou que os atuais carros estão em péssimo estado de conservação e apresentam, mensalmente, elevado custo de manutenção.
Um relatório do grupo de modernização aponta desperdício, desvio de função e ociosidade na gráfica do Senado.
O diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, afirma que a gráfica tem uma capacidade ociosa de 40%. Mas diz que isso funciona como reserva técnica para que a gráfica tenha "capacidade de resposta" em emergências.
Os consultores que fizeram a auditoria interna afirmam que as medidas propostas poderão reduzir as despesas em 40% e aumentar a receita em 1.000%. Eles mostram que o gasto mensal com servidores está em R$ 4,6 milhões, enquanto o faturamento anual em 94 ficou em R$ 2 milhões.
A gráfica continua "inchada". Tem 1.353 servidores, mas 387 estão cedidos para gabinetes de senadores ou outros órgãos públicos.
Cabos
Para transmitir imagens do plenário e das comissões em canal de TV paga será preciso uma rede de cabos de fibra ótica.
O custo da obra ficará em R$ 168 mil. O Senado já dispõe de um circuito interno de televisão, integrante do Sistema VIP de multimídia. Mas esse circuito não serve para transmitir imagens para a TV paga.
O custo da rede de comunicação vai ficar em cerca de R$ 600 mil. Foram compradas câmeras e transmissores. O sistema rádiosat digital vai custar cerca de R$ 200 mil.
Um canal de TV paga vai transmitir imagens do plenário, comissões e estúdio do Senado das 9h às 24h. Gasto de R$ 40 mil mensais está previsto com um canal do satélite da Embratel.
O custo comercial seria bem mais elevado, mas o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pediu uma redução de valores.
Algumas das mordomias apuradas pela comissão de modernização, presidida pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL), ainda são mantidas. O "Senadinho", representação da casa no Rio de Janeiro, funciona com 60 funcionários.

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