São Paulo, domingo, 26 de novembro de 1995 |
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Escritora já foi funcionária pública Quando estava no segundo ano da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, há quase 50 anos, a contista e romancista Lygia Fagundes Telles, 70, conseguiu emprego como funcionária pública. Era auxiliar de escritório da Secretaria da Agricultura. "Colava retratos. Saía com a mão toda dura, com a cola", diz, rindo e mostrando as mãos. "Colava fotos que o meu chefe tirava. Ele fazia retratos lindos de rios, árvores, insetos e colheitas e me dava esses retratos. E eu saía com a mão assim dura, coitada." Lygia recebeu a Folha durante a noite de autógrafos de seu novo livro de contos, "A Noite Escura e Mais Eu", quarta-feira passada, em São Paulo. "Trabalhava porque precisava pagar meus estudos na faculdade", afirma, sem lembrar a idade que tinha. "Eu era muito menina", diz, procurando alguma garota para comparar. Segundo ela, o salário dava para pouco. "O dinheiro servia para pagar minhas taxas na faculdade, comprar sapato para subir montanha e tomar uma coalhada quando saía da faculdade ou entrava no emprego." Ela exerceu por muito tempo também a profissão de advogada. "Fui durante 30 anos procuradora do Instituto de Previdência do Estado, o Ipesp." "Dava pareceres. Olha aqui minha mão, exausta", afirma a escritora. "Não era como essa gente aí que fica dois meses e já quer se aposentar." Texto Anterior: Capes oferece pós-graduação Próximo Texto: Há 513 cargos em fast food e cosméticos Índice |
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