São Paulo, segunda-feira, 27 de novembro de 1995
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Governo ainda busca razões para programa

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Sivam tem um defeito potencial grave, que tende até a ser salientado caso funcione perfeitamente: o que adianta saber, se não há como agir?
Faltam meios para agir na região, e nada indica que não continuarão faltando daqui a cinco ou sete anos para os órgãos que teoricamente seriam os usuários do Sivam -Ibama, Polícia Federal, Receita Federal, Funai etc.
Mais curiosamente, esses órgãos continuam sendo "consultados" pelo pessoal do programa sobre suas necessidades reais -em vez de terem, desde o começo, afirmado para que precisariam de um programa de cerca de US$ 1,4 bilhão.
"Estamos ainda em fase de levantamento das necessidades dos usuários", foi dito por um engenheiro do projeto em uma palestra em São Paulo na semana passada, Tarcisio Takashi.
"Na minha opinião, devia ser o contrário, era preciso ver antes o que a região quer", disse o vereador de Belém, Arnaldo Jordy, do PPS, presente à palestra.
Takashi acha que o Sivam servirá de "alavanca" para uma melhor captação de recursos. Descoberto o problema, surge o motivo para se alocar recursos para os órgãos governamentais envolvidos.
O superintendente em São Paulo da Comissão para a Coordenação do Sivam, engenheiro e brigadeiro da reserva Guido de Resende Sousa, argumenta com o caso de um radar instalado em Belém.
Havia um avião comercial desviado da rota. Saindo do Brasil, em vez de estar a caminho da Guiana Francesa, se dirigia para o mar. Foi salvo pelo controlador de vôo de Belém. "Este radar está pago", diz Resende Sousa.
Para o bem mais caro Sivam "estar pago" será necessário, porém, destinar recursos a todos os órgãos que poderão usufruir de suas informações.
Os vereadores de Belém presentes ao mesmo debate -além de Jordy, Roberto Machado (PSDB), Orlando Reis (PDT) e Joaquim Passarinho (PPB)-, tinham dúvidas como esta: "será mais um órgão dizendo que as queimadas aumentaram, mas sem fazer nada a respeito".
(RBN)

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